A partir de agora, o nosso querido Chevalier poderá ser encontrado a deambular por esta rua.
lundi 21 juillet 2008
La fin (en retard)
"Goodbye and I choke
I try to walk away and I stumble"
(Macy Gray)
Eis-me já de volta ao ponto de origem, à casa da partida. Após dias de viagem que serviram de retiro e que servirão de material, mas não aqui. Este blog destinou-se desde o início ao registo das crónicas da aventura parisiense. E essa, caros leitores - fiéis ou menos fiéis - terminou. E com ela devem terminar também estes registos.
Tive uma última semana no 75 um tanto ou quanto peculiar.
Enquanto andava pela Alemanha e pela Bélgica, em que quartos de hotel serviam de palco à minha actividade mental, pensava que viria aqui descrevê-la, essa última semana que realmente me marcou. Porque deixou certas coisas claras e isso vale muito. Porque fiz coisas que não quero esquecer. Tal como a Micaëlla que decide ir às montanhas, fiz-me de valente ao abandonar a Maison. Mas perdi a vontade de o fazer, essa descrição parece agora não ter qualquer sentido.
De resto, impõem-se umas quantas prioridades. Cortar o cabelo, arrumar os meus haveres, tratar de burocracias, rever umas quantas pessoas, trabalhar alguns rascunhos, pensar numa nova decoração para o meu quarto.
Acho que a aventura parisiense teve a duração certa e tudo o que trago comigo acarinho e acarinharei com muito apreço e gratidão.
Até mais, caros leitores,
Le Chevalier.
"Et maintenant, écoutez ma chanson..."
(Ophélie em Hamlet, acto IV)
I try to walk away and I stumble"
(Macy Gray)
Eis-me já de volta ao ponto de origem, à casa da partida. Após dias de viagem que serviram de retiro e que servirão de material, mas não aqui. Este blog destinou-se desde o início ao registo das crónicas da aventura parisiense. E essa, caros leitores - fiéis ou menos fiéis - terminou. E com ela devem terminar também estes registos.
Tive uma última semana no 75 um tanto ou quanto peculiar.
Enquanto andava pela Alemanha e pela Bélgica, em que quartos de hotel serviam de palco à minha actividade mental, pensava que viria aqui descrevê-la, essa última semana que realmente me marcou. Porque deixou certas coisas claras e isso vale muito. Porque fiz coisas que não quero esquecer. Tal como a Micaëlla que decide ir às montanhas, fiz-me de valente ao abandonar a Maison. Mas perdi a vontade de o fazer, essa descrição parece agora não ter qualquer sentido.
De resto, impõem-se umas quantas prioridades. Cortar o cabelo, arrumar os meus haveres, tratar de burocracias, rever umas quantas pessoas, trabalhar alguns rascunhos, pensar numa nova decoração para o meu quarto.
Acho que a aventura parisiense teve a duração certa e tudo o que trago comigo acarinho e acarinharei com muito apreço e gratidão.
Até mais, caros leitores,
Le Chevalier.
"Et maintenant, écoutez ma chanson..."
(Ophélie em Hamlet, acto IV)
mardi 1 juillet 2008
De résident à visite
Confusões, confusões, confusões.
No entanto, passei o dia com T., ofereci-lhe uma edição bilingue da Mensagem, ela deu-me uns doces que trouxe da boulangerie onde deixou de trabalhar.
À noite, piquenique no Champ de Mars com a Cécile, D. e F.. Charmant, fico feliz por não ter ido ao outro. Estar com a Cécile é tão raro.
No entanto, passei o dia com T., ofereci-lhe uma edição bilingue da Mensagem, ela deu-me uns doces que trouxe da boulangerie onde deixou de trabalhar.
À noite, piquenique no Champ de Mars com a Cécile, D. e F.. Charmant, fico feliz por não ter ido ao outro. Estar com a Cécile é tão raro.
lundi 30 juin 2008
Dernière nuit chez moi
Não poderia deitar-me sem escrever. Esta é a última noite que durmo no meu quarto, no meu reduto verde-alface.
Noite estranha na Maison. Pessoas a juntarem caixas à porta dos quartos, pessoas a atravancarem os balcões das cozinhas com coisas que não podem levar com elas, pessoas a demorarem-se a conversar nos corredores, pessoas nos quartos umas das outras.
Estou triste, estou mesmo triste, agora que o meu quarto está tão vazio que parece fazer eco, agora que tenho as minhas parcas possessões espalhadas por três quartos diferentes, agora que sei estar amanhã numa casa praticamente vazia, sem as companhias dos últimos dias para preencher as horas diurnas.
A última noite que durmo no meu quarto. E temo tudo o que se segue. Não consegui despedir-me condignamente de M. E., nem papel tenho agora comigo para lhe deixar um bilhete na porta. Como passarei os meus dias? Não consigo organizar as ideias, tudo está demasiado confuso até para uma simples to do list.
Esta é a última noite que durmo no meu quarto e estou triste, mesmo triste. Tão triste que poderia chorar.
Noite estranha na Maison. Pessoas a juntarem caixas à porta dos quartos, pessoas a atravancarem os balcões das cozinhas com coisas que não podem levar com elas, pessoas a demorarem-se a conversar nos corredores, pessoas nos quartos umas das outras.
Estou triste, estou mesmo triste, agora que o meu quarto está tão vazio que parece fazer eco, agora que tenho as minhas parcas possessões espalhadas por três quartos diferentes, agora que sei estar amanhã numa casa praticamente vazia, sem as companhias dos últimos dias para preencher as horas diurnas.
A última noite que durmo no meu quarto. E temo tudo o que se segue. Não consegui despedir-me condignamente de M. E., nem papel tenho agora comigo para lhe deixar um bilhete na porta. Como passarei os meus dias? Não consigo organizar as ideias, tudo está demasiado confuso até para uma simples to do list.
Esta é a última noite que durmo no meu quarto e estou triste, mesmo triste. Tão triste que poderia chorar.
samedi 28 juin 2008
Que ton coeur se rassure! Taven guérira sa blessure!
Subi agora de uma festa no foyer. O meu reduto verde-alface está a perder-se; passei a tarde a arrumar os meus haveres. As paredes estão de novo praticamente vazias. Já não há livros nas prateleiras. Há caixotes e sacos pelo chão, objectos e peças de roupa que ainda não encontraram o seu novo lugar espalhados um pouco por todo o lado ao acaso, retirados de algum lugar para serem abandonados logo a seguir.
Fui a um concerto na Madeleine com J.. Gostei de ouvir o Verão de Vivaldi novamente.
Amanhã vou às compras com M. Antes de ir dormir ouço Mireille e Vincenette a rezarem juntas.
Fui a um concerto na Madeleine com J.. Gostei de ouvir o Verão de Vivaldi novamente.
Amanhã vou às compras com M. Antes de ir dormir ouço Mireille e Vincenette a rezarem juntas.
jeudi 26 juin 2008
lundi 23 juin 2008
Carnet de voyage
Paris - Estrasburgo. Não, não foi a Provença de Mireille e Vincent. Foi a Alsácia-Lorena, aquela mítica região estudada anos e anos na escola e, no meu caso, na faculdade, que o nosso Chevalier presenteou com a sua visita.
Uma tarde dedicada a preparativos intensivos. Sábado amanheceu quente e muito soalheiro, como o tempo do dia anterior não fazia prever. Quatro pessoas e um carro pelas estradas francesas (mais precisamente pela A4). Os campos da Champagne, a Lorena e finalmente a vegetação densa e relevo acidentado da Alsácia.
Estrasburgo. Estrasburgo. Carrefour de l'Europe, podia ler-se nas placas. Uma cidade como eu não esperava, muito pitoresca, cheia de sinais de tradição, em parte alemã. Devido à hora, já não deu para visitar museus. Ficámo-nos pela catedral rosada e por longos passeios. (Não sei se por causa da forte presença de feições germanizantes, parecia-me ver J. em cada rua.) O sol e o calor tornavam tudo tão agradável. Sinto-me até sortudo por ter lá ido no preciso dia da Fête de la Musique francesa. Um ambiente fantástico reinava, música por todo o lado. Eu, A. e S. decidimos dar a nossa pequena contribuição cantando no tram da linha E que nos levava às Instituições Europeias. Vi-as de noite, desertas, caminhando junto a canais. Não se via ninguém na zona, os mosquitos eram numerosos. Mas o ambiente no centro era demasiado atractivo, A., S. e eu próprio não resistimos a perder umas horas de sono em favor de umas voltas pelas muitíssimo animadas ruas da ilha de Estrasburgo.
Dia seguinte: acordar cedo, tomar o pequeno-almoço e ala para Verdun. Visita a hotspots ligados à grande batalha. Claro que esta visita teve o patrocínio da obsessão pelo conflito que S. ganhou nas aulas de História Social e Cultural. Acho que só agora me apercebo da dimensão do significado do extenso cemitério que adorna os relvados do Ossuaire de Douaumont.
De resto, digamos que a minha cultura no que toca a guerras em que a França se envolveu se tem dignamente enriquecido, fruto de passeios como o de hoje e (lembro-me agora!) a visita um dia destes ao Hôtel National des Invalides com M. E.
No caminho de regresso ao nosso Paris, pequena paragem em Reims, para ver a praça da catedral, essa com que me faz sonhar Il Viaggio a Reims.
Durante toda a viagem tive uma sensação de férias estivais no estrangeiro, daquelas que se tem com a família, o que me fez achar essa sensação antecipada. No regresso, pensava que o local de destino era C., mas por enquanto é Paris.
Talvez pudesse dizer mais alguma coisa sobre esta pequena voyage. (Posso afirmar, no entanto, que sou um óptimo co-piloto e guia urbano, que domina mapas e rotas como ninguém! eheh...)
Sempre vosso,
Le Chevalier.
Uma tarde dedicada a preparativos intensivos. Sábado amanheceu quente e muito soalheiro, como o tempo do dia anterior não fazia prever. Quatro pessoas e um carro pelas estradas francesas (mais precisamente pela A4). Os campos da Champagne, a Lorena e finalmente a vegetação densa e relevo acidentado da Alsácia.
Estrasburgo. Estrasburgo. Carrefour de l'Europe, podia ler-se nas placas. Uma cidade como eu não esperava, muito pitoresca, cheia de sinais de tradição, em parte alemã. Devido à hora, já não deu para visitar museus. Ficámo-nos pela catedral rosada e por longos passeios. (Não sei se por causa da forte presença de feições germanizantes, parecia-me ver J. em cada rua.) O sol e o calor tornavam tudo tão agradável. Sinto-me até sortudo por ter lá ido no preciso dia da Fête de la Musique francesa. Um ambiente fantástico reinava, música por todo o lado. Eu, A. e S. decidimos dar a nossa pequena contribuição cantando no tram da linha E que nos levava às Instituições Europeias. Vi-as de noite, desertas, caminhando junto a canais. Não se via ninguém na zona, os mosquitos eram numerosos. Mas o ambiente no centro era demasiado atractivo, A., S. e eu próprio não resistimos a perder umas horas de sono em favor de umas voltas pelas muitíssimo animadas ruas da ilha de Estrasburgo.
Dia seguinte: acordar cedo, tomar o pequeno-almoço e ala para Verdun. Visita a hotspots ligados à grande batalha. Claro que esta visita teve o patrocínio da obsessão pelo conflito que S. ganhou nas aulas de História Social e Cultural. Acho que só agora me apercebo da dimensão do significado do extenso cemitério que adorna os relvados do Ossuaire de Douaumont.
De resto, digamos que a minha cultura no que toca a guerras em que a França se envolveu se tem dignamente enriquecido, fruto de passeios como o de hoje e (lembro-me agora!) a visita um dia destes ao Hôtel National des Invalides com M. E.
No caminho de regresso ao nosso Paris, pequena paragem em Reims, para ver a praça da catedral, essa com que me faz sonhar Il Viaggio a Reims.
Durante toda a viagem tive uma sensação de férias estivais no estrangeiro, daquelas que se tem com a família, o que me fez achar essa sensação antecipada. No regresso, pensava que o local de destino era C., mas por enquanto é Paris.
Talvez pudesse dizer mais alguma coisa sobre esta pequena voyage. (Posso afirmar, no entanto, que sou um óptimo co-piloto e guia urbano, que domina mapas e rotas como ninguém! eheh...)
Sempre vosso,
Le Chevalier.
mercredi 18 juin 2008
Châtelet
Gosto de ser surpreendido, enquanto caminho pelos túneis asquerosos de Châtelet, por uma orquestra de cordas a arrancar umas mozartadas.
Hoje fui passear e estava sol (inserir smile aqui).
Hoje fui passear e estava sol (inserir smile aqui).
lundi 16 juin 2008
[Ficções] Jean-Michel et Marie-Charlotte
Aquele podia ser um baile como tantos outros. Ele tomou-lhe a mão e dançaram. Mais que uma dança. A certo ponto, parecia que apenas viviam para aquilo, para dançarem um com o outro, sempre com o mesmo par, todas as danças do caderninho. Isto para mostrar como estavam próximos nessa noite. Também falaram. E muito.
Jean-Michel não percebeu porquê, mas sentia uma empatia crescente à medida que a noite avançava e os ponteiros iam percorrendo o seu caminho. Não percebeu porquê, mas foi sentindo uma grande intimidade, algo que poucas vezes experimentara -não era ele introvertido, muito dado às suas leituras, quase a roçar o misantropo? Falaram. E ele foi-se desvendando, respondendo de maneira muita completa a questões que ela colocava de maneira muito metaforizada e disfarçada. Marie-Charlotte gostou de o que ouvia, gostou de estar com ele assim, ela que lamentava tantas vezes o facto de ele se dar ao mundo como praticamente intratável. Na verdade, ela acreditava que por trás de tanto recolhimento, uma certa quantidade de histórias devia existir. Até porque conhecia rumores.
Mas o que nos interessa verdadeiramente é o comportamento de Jean-Michel, que se sentiu próximo de Marie-Charlotte, fazendo-o mesmo desejar que houvesse bailes nas Tulherias todas as noites. Seria efeito do álcool? Mais que confiança, Jean-Michel sentiu compreensão, entendimento, comunhão. Marie-Charlotte sentia o mesmo que ele, do mesmo modo que ele. Coisas que o afectavam, afectavam-na de modo semelhante.
Uma e outra dança passaram. Ainda outra. E o par não se desfazia. Jean-Michel sentia-se agredecido por, pela primeira vez em alguns meses, ter acedido a tomar lugar num baile (e logo num baile do Imperador!), por Marie-Charlotte ter feito tanta questão nisso. E apesar de tudo o que possamos pensar, ela gostava dele e sim, lamentava mesmo o facto de ele se dar ao mundo como praticamente intratável. A curiosidade era apenas um acessório que tinha consigo, tal como tinha um leque pendente do braço direito.
Foram partilhando coisas, nunca deixando Jean-Michel de ser a verdadeira revelação. Revelação que também ele sentia. Ao fim da noite, julgou-se apaixonado. Deixou escapar um "amo-te" que não foi ouvido, quando ela partiu apertando o xaile contra si.
O sono vem, o sono acontece. E ao dia seguinte, já não sentia o que sentira, o desprendimento era dono dele novamente, como realmente nunca deixara de ser.
Jean-Michel não percebeu porquê, mas sentia uma empatia crescente à medida que a noite avançava e os ponteiros iam percorrendo o seu caminho. Não percebeu porquê, mas foi sentindo uma grande intimidade, algo que poucas vezes experimentara -não era ele introvertido, muito dado às suas leituras, quase a roçar o misantropo? Falaram. E ele foi-se desvendando, respondendo de maneira muita completa a questões que ela colocava de maneira muito metaforizada e disfarçada. Marie-Charlotte gostou de o que ouvia, gostou de estar com ele assim, ela que lamentava tantas vezes o facto de ele se dar ao mundo como praticamente intratável. Na verdade, ela acreditava que por trás de tanto recolhimento, uma certa quantidade de histórias devia existir. Até porque conhecia rumores.
Mas o que nos interessa verdadeiramente é o comportamento de Jean-Michel, que se sentiu próximo de Marie-Charlotte, fazendo-o mesmo desejar que houvesse bailes nas Tulherias todas as noites. Seria efeito do álcool? Mais que confiança, Jean-Michel sentiu compreensão, entendimento, comunhão. Marie-Charlotte sentia o mesmo que ele, do mesmo modo que ele. Coisas que o afectavam, afectavam-na de modo semelhante.
Uma e outra dança passaram. Ainda outra. E o par não se desfazia. Jean-Michel sentia-se agredecido por, pela primeira vez em alguns meses, ter acedido a tomar lugar num baile (e logo num baile do Imperador!), por Marie-Charlotte ter feito tanta questão nisso. E apesar de tudo o que possamos pensar, ela gostava dele e sim, lamentava mesmo o facto de ele se dar ao mundo como praticamente intratável. A curiosidade era apenas um acessório que tinha consigo, tal como tinha um leque pendente do braço direito.
Foram partilhando coisas, nunca deixando Jean-Michel de ser a verdadeira revelação. Revelação que também ele sentia. Ao fim da noite, julgou-se apaixonado. Deixou escapar um "amo-te" que não foi ouvido, quando ela partiu apertando o xaile contra si.
O sono vem, o sono acontece. E ao dia seguinte, já não sentia o que sentira, o desprendimento era dono dele novamente, como realmente nunca deixara de ser.
La Défense
O final da linha 1, essa linha que me deixa sempre cansado e com dores de cabeça. Gostei do sítio, há algum tempo que ansiava por um espaço aberto como aquele. Gostei dos arranha-céus, gostei que não estivesse bom tempo.
dimanche 15 juin 2008
"Si jamais le malheur vient frapper l'un de nous..."
Parar. Parar o tempo. E escrever. Como escreveu Stéphane Bern "escrever para não gritar".
Não me importo com as horas tardias, se me valem um bom bocado de conversa ainda que virtual. Tenho comigo a Mireille que grita heróica na planície desértica (hm, a questão "obsessão?" impõe-se?).
Passei ontem um óptimo dia sozinho para à noite tomar parte no Jantar dos 7. Quero um bocadinho para mim, no meu quarto verde-alface, escutar Mireille com atenção, ler o livro ontem adquirido sobre a Carlota da Bélgica. Uma quantidade de coisas, a falta de presença que pareceu caracterizar-me em dados momentos. Não consigo alongar-me sobre certas coisas como seria de bom tom fazer. Mas acredito que apesar de tudo, quem tem de saber, o sabe. Não sou muito do género ingrato, pelo menos não propositadamente.
Quero tempo com algumas pessoas, quality time, não temo dizê-lo. Quanto muito, fosse eu dado a certos acessos, tremo ao dizê-lo. Quero ter tempo para conversa contigo, contigo e contigo. No entanto, algumas combinações revelam-se difíceis, soit por causa de certos condicionamentos-sempre-presentes, soit por causa das pessoas não gostarem umas das outras. É-me frequente colocar-me involuntariamente em posições de centro... E quantas vezes isso dificulta as coisas.
Gosto de vocês, gosto mesmo. E tenho pena por todo um conjunto de coisas estar prestes a perder-se. Estados de espírito alternam. Quero dizer-te que gostei mesmo de te conhecer. E a ti, apetece-me confortar-te com sincera entrega. Contigo, gostaria de conversar um pouco mais. Contigo, partilhar mais uma fotografia e um sorriso cúmplice. A ti, agradecer-te muito por algo que disseste.
"Escrever, escrever para não gritar."
Não me importo com as horas tardias, se me valem um bom bocado de conversa ainda que virtual. Tenho comigo a Mireille que grita heróica na planície desértica (hm, a questão "obsessão?" impõe-se?).
Passei ontem um óptimo dia sozinho para à noite tomar parte no Jantar dos 7. Quero um bocadinho para mim, no meu quarto verde-alface, escutar Mireille com atenção, ler o livro ontem adquirido sobre a Carlota da Bélgica. Uma quantidade de coisas, a falta de presença que pareceu caracterizar-me em dados momentos. Não consigo alongar-me sobre certas coisas como seria de bom tom fazer. Mas acredito que apesar de tudo, quem tem de saber, o sabe. Não sou muito do género ingrato, pelo menos não propositadamente.
Quero tempo com algumas pessoas, quality time, não temo dizê-lo. Quanto muito, fosse eu dado a certos acessos, tremo ao dizê-lo. Quero ter tempo para conversa contigo, contigo e contigo. No entanto, algumas combinações revelam-se difíceis, soit por causa de certos condicionamentos-sempre-presentes, soit por causa das pessoas não gostarem umas das outras. É-me frequente colocar-me involuntariamente em posições de centro... E quantas vezes isso dificulta as coisas.
Gosto de vocês, gosto mesmo. E tenho pena por todo um conjunto de coisas estar prestes a perder-se. Estados de espírito alternam. Quero dizer-te que gostei mesmo de te conhecer. E a ti, apetece-me confortar-te com sincera entrega. Contigo, gostaria de conversar um pouco mais. Contigo, partilhar mais uma fotografia e um sorriso cúmplice. A ti, agradecer-te muito por algo que disseste.
"Escrever, escrever para não gritar."
vendredi 13 juin 2008
Les vraies vacances
"Chantez, chantez, Magnanarelles,
Car la cuillette aime les chants!"
"Chantez, chantez, Magnanarelles,
Car la cuillette aime les chants!"
(Mireille, I acto)
Car la cuillette aime les chants!"
Foi ontem. Pouco passava das 16h e entregava eu a folha de ponto e as folhas de rascunho verde-abacate inutilizadas a uma vigilante. Faltava uma hora para o fim da prova e já eu a entregava. Com uma enorme satisfação: correra-me bem (imaginam o agrado de virar o enunciado e ver que todos os temas se relacionam com a exploração americana pelos países ibéricos?), as verdadeiras férias começavam. Este punhado de dias livres em Paris. Enquanto fazia tempo para ir ver o segundo jogo de Portugal no La Pause Beaubourg (não, desta vez não houve festa after hours, nem sequer jantar no McDo), decidi brindar-me com uma gravação da desventura da jovem Mireille (Gounod), que vira um mês antes nas La Fayette.
Foi também ontem que vimos M., a sobrinha dos meus professores, deixar a casa. Fiquei triste, tanto por anunciar todas as outras partidas que se aproximam - incluindo a minha -, como por ser quem é. Ela podia não fazer nada, mas gosto mesmo dela, tivemos muito boas conversas... e não alongo mais em descrições com medo de cair no cliché. Gostei quando ao despedir-se disse que queria mesmo que combinássemos coisas e nos víssemos em Lisboa. Entre as heranças recebidas, guardo algo que acarinho especialmente: um copo de pé alto. Acho que irá comigo.
Hoje acordei tarde, mas apenas para "pôr o sono em dia" - amanhã tenciono acordar mais cedo e começar mais cedo o dia. Quando deixei um quarto muito quente tinha como plano ir até ao Musée du Moyen Age. Acabei por ir com N. à La Géode na Cité des Sciences et des Industries em La Villette. Devo dizer que fiquei impressionado, gostei mesmo da experiência. E o sítio agradou-me, quero lá voltar. Interessante foi o facto de ter ido com N.. As coisas pareceram voltar ao que eram.
Ainda não sei o que farei amanhã. Por enquanto sei que temos o Jantar dos 7, o jantar de despedida de L., a que A., aproveitando o facto de ser sexta-feira 13, decidiu dar criativos contornos de jantar temático. Ri-me quando abri o convite que, através de "falcatruas", tivera direito ao carimbo oficial da casa.
Foi ontem, pouco depois das 16h, que as minhas verdadeiras férias começaram. (Acho que nunca fiquei de férias tão cedo, para dizer a verdade.) Esse punhado de dias livres que sinto começar a esgotar-se a uma velocidade superior à desejada. Apercebo-me, por exemplo, do quanto gostei da soirée privée de Sábado, de como não quero acreditar que coisas como aquela não se repitam.
Por agora, deixemos soar os sons provençais de Mireille. (Que apenas me aguçam a vontade de visitar a região.)
Foi também ontem que vimos M., a sobrinha dos meus professores, deixar a casa. Fiquei triste, tanto por anunciar todas as outras partidas que se aproximam - incluindo a minha -, como por ser quem é. Ela podia não fazer nada, mas gosto mesmo dela, tivemos muito boas conversas... e não alongo mais em descrições com medo de cair no cliché. Gostei quando ao despedir-se disse que queria mesmo que combinássemos coisas e nos víssemos em Lisboa. Entre as heranças recebidas, guardo algo que acarinho especialmente: um copo de pé alto. Acho que irá comigo.
Hoje acordei tarde, mas apenas para "pôr o sono em dia" - amanhã tenciono acordar mais cedo e começar mais cedo o dia. Quando deixei um quarto muito quente tinha como plano ir até ao Musée du Moyen Age. Acabei por ir com N. à La Géode na Cité des Sciences et des Industries em La Villette. Devo dizer que fiquei impressionado, gostei mesmo da experiência. E o sítio agradou-me, quero lá voltar. Interessante foi o facto de ter ido com N.. As coisas pareceram voltar ao que eram.
Ainda não sei o que farei amanhã. Por enquanto sei que temos o Jantar dos 7, o jantar de despedida de L., a que A., aproveitando o facto de ser sexta-feira 13, decidiu dar criativos contornos de jantar temático. Ri-me quando abri o convite que, através de "falcatruas", tivera direito ao carimbo oficial da casa.
Foi ontem, pouco depois das 16h, que as minhas verdadeiras férias começaram. (Acho que nunca fiquei de férias tão cedo, para dizer a verdade.) Esse punhado de dias livres que sinto começar a esgotar-se a uma velocidade superior à desejada. Apercebo-me, por exemplo, do quanto gostei da soirée privée de Sábado, de como não quero acreditar que coisas como aquela não se repitam.
Por agora, deixemos soar os sons provençais de Mireille. (Que apenas me aguçam a vontade de visitar a região.)
"Chantez, chantez, Magnanarelles,
Car la cuillette aime les chants!"
(Mireille, I acto)
mardi 10 juin 2008
Les cartes et les dés nous attendent là-bas
Devia estar a matar-me a estudar, mas não consigo.
Hoje, desfeito pelas dores de cabeça e cheio de boa-vontade e altruísmo, decidi fazer eu o jantar para a pequena "sociedade" (termo ironizante relativo à sociedade original agora em decadência): A., L., S., J. e eu claro. Saiu bem, as pessoas gostaram, agradeço a L. o pesto e a A. os cogumelos.
Momento de descontração nocturna com L. e S. na pelouse (véspera de exame, right?). Espantaram-se por coisas que eu via e ouvia. Declarei que sou um observador, as pessoas são a minha fonte de inspiração. Isso serviu logo de interpretação para os meus supostos momentos introspectivos, sem esquecer uma referência por parte de S. a "isso é mesmo conversa de escritor".
Hoje, desfeito pelas dores de cabeça e cheio de boa-vontade e altruísmo, decidi fazer eu o jantar para a pequena "sociedade" (termo ironizante relativo à sociedade original agora em decadência): A., L., S., J. e eu claro. Saiu bem, as pessoas gostaram, agradeço a L. o pesto e a A. os cogumelos.
Momento de descontração nocturna com L. e S. na pelouse (véspera de exame, right?). Espantaram-se por coisas que eu via e ouvia. Declarei que sou um observador, as pessoas são a minha fonte de inspiração. Isso serviu logo de interpretação para os meus supostos momentos introspectivos, sem esquecer uma referência por parte de S. a "isso é mesmo conversa de escritor".
lundi 9 juin 2008
Malgré tout, le soleil
Sol. Já vos disse quão é bonito o sol em Paris, a sensação de leveza que se tem?
Estou perto, tão perto do fim da tormenta. Tão perto e tão longe, tendo em conta serem dois exames. Já não dou uma para a caixa, o meu mood de véspera a isso me força.
Há tanto que gostaria de fazer. Estive com a pequena S. na grande pelouse.
Estou perto, tão perto do fim da tormenta. Tão perto e tão longe, tendo em conta serem dois exames. Já não dou uma para a caixa, o meu mood de véspera a isso me força.
Há tanto que gostaria de fazer. Estive com a pequena S. na grande pelouse.
Promesse frivole
Estou triste. Estou triste e não quero descobrir as razões dessa tristeza, ao contrário do habitual.
Sinto que com a partida de L. muita coisa se vai perder... a nível da "dinâmica de grupo". Infelizmente.
Sinto que com a partida de L. muita coisa se vai perder... a nível da "dinâmica de grupo". Infelizmente.
dimanche 8 juin 2008
Portugal 2 -Turquie 0
Deixo a minha querida Natalie dar voz a Morgana, enquanto dou um jeito no quarto.
Ontem fui com L., S., J. e o Venezuelano (que anda a fazer furor junto de certas e determinadas meninas) ver o jogo de Portugal contra a Turquia. Supostamente na place de l'Hôtel de Ville, onde seria projectado. Esqueçam, a isso só tem direito o Roland-Garros. E agora? O jogo começa. Instalamo-nos no La Pause Beaubourg (rue du Renard). Eu, bom parisiense que sou, peço um Perrier menthe. Satisfeitos com o resultado, saímos, passamos pelo McDo para comer qualquer coisa. Em Châtelet - Les Halles o Venezuelano deixa-nos para ir à sua vida social, os quatro restantes tomam o caminho de casa. Começam as discussões quanto ao que fazer, visto já ser tarde, L. querer imperativamente mudar de roupa e estar a acontecer a soirée de despedida de P. Ao chegar a casa, cruzamo-nos com A., M. e a Miúda-do-fundo-do-corredor que acompanham um P. com suspeitas de apendicite. Ainda mais discussão quanto ao que fazer. Decisão: ir ao marroquino abastecermo-nos. Spot: quarto de L. J. traz as colunas. O que prometia ser uma pacata soirée de copos e conversa, transforma-se em discoteca caseira quando J. surpreendentemente saca de colectâneas do Ministry of Sound. As pessoas estão sempre a surpreender-nos.
Ao cair da manhã, L., J. e o Chevalier cometem a loucura final: armados de manta e saco-cama, dirigem-se à pelouse para "ver o sol nascer". Interpelação pelos seguranças da Cité incluída.
Hoje, L. está morta na cama, J. só há pouco ficou online no messenger.
Ontem fui com L., S., J. e o Venezuelano (que anda a fazer furor junto de certas e determinadas meninas) ver o jogo de Portugal contra a Turquia. Supostamente na place de l'Hôtel de Ville, onde seria projectado. Esqueçam, a isso só tem direito o Roland-Garros. E agora? O jogo começa. Instalamo-nos no La Pause Beaubourg (rue du Renard). Eu, bom parisiense que sou, peço um Perrier menthe. Satisfeitos com o resultado, saímos, passamos pelo McDo para comer qualquer coisa. Em Châtelet - Les Halles o Venezuelano deixa-nos para ir à sua vida social, os quatro restantes tomam o caminho de casa. Começam as discussões quanto ao que fazer, visto já ser tarde, L. querer imperativamente mudar de roupa e estar a acontecer a soirée de despedida de P. Ao chegar a casa, cruzamo-nos com A., M. e a Miúda-do-fundo-do-corredor que acompanham um P. com suspeitas de apendicite. Ainda mais discussão quanto ao que fazer. Decisão: ir ao marroquino abastecermo-nos. Spot: quarto de L. J. traz as colunas. O que prometia ser uma pacata soirée de copos e conversa, transforma-se em discoteca caseira quando J. surpreendentemente saca de colectâneas do Ministry of Sound. As pessoas estão sempre a surpreender-nos.
Ao cair da manhã, L., J. e o Chevalier cometem a loucura final: armados de manta e saco-cama, dirigem-se à pelouse para "ver o sol nascer". Interpelação pelos seguranças da Cité incluída.
Hoje, L. está morta na cama, J. só há pouco ficou online no messenger.
P.S. - Foi com relativo espanto que descobri que tanto eu, S. e J. tinhamos, para além da t-shirt, a roupa interior também verde.
mercredi 4 juin 2008
En un jour ici-bas tout s'efface et s'envole.
Poderia escrever sobre uma infinidade de coisas. Mas na pressa do momento quero apenas reter o seguinte:
1) todas as desculpas são boas para não estudar;
2) gostei muito do passeio de ontem de manhã com S.. Foi bom ver que ainda dá para se estar com ela numa boa, tivemos as conversas de sempre. Fomos a sítios giros, mostrei-lhe as maravilhas do Au P'tit Grec.
3) está a formar-se um grupo padrão de saídas e combinações que vou ter mesmo muita pena em deixar. Porquê só agora?
1) todas as desculpas são boas para não estudar;
2) gostei muito do passeio de ontem de manhã com S.. Foi bom ver que ainda dá para se estar com ela numa boa, tivemos as conversas de sempre. Fomos a sítios giros, mostrei-lhe as maravilhas do Au P'tit Grec.
3) está a formar-se um grupo padrão de saídas e combinações que vou ter mesmo muita pena em deixar. Porquê só agora?
samedi 31 mai 2008
En vacances.
Acho mesmo piada à iniciativa dos Free Hugs. Quando vejo um grupo desses, não resisto a ir lá e dar uns quantos abraços. Tem qualquer coisa de bonito. Foi o que aconteceu na passada quarta-feira na avenue des Champs-Elysées ao final da tarde, onde a luz e a temperatura a tornavam o cenário mais agradável para um pequeno passeio com M. depois do jantar.
E S.? Questão pertinente. Surpreende-me. Por se prestar a uma série de comportamentos que me deixam baralhado, coisas que normalmente seriam desnecessárias ou sem muito sentido. Revela-se muito cúmplice, mesmo que tenhamos estado poucas vezes juntos. Um dia destes bate-me à porta...
Um certa atmosfera de fim começa a instalar-se. Na quinta-feira, acabaram as aulas e devido ao cours de rattrapage de M. Houte deixei uma Clignancourt vazia ao final do dia. C. dramatizava, por ser a última aula do Houte (quem ela ainda tentou aplaudir, sem grande sucesso), por ser a última aula deles em Clignancourt (para o ano passam para a "belle Sorbonne"). Vou ter saudades deles... de C., de T., de N. e até de C., que descobri morar em Montparnasse.
Nesse mesmo dia visitei o Mémorial de la Shoah com L. em Le Marais. É impressionante, um trabalho gigantesco que nos deixou aos dois bastante perturbados. Como já era tarde quando saímos, fomos experimentar as verdadeiramente gigantes gallettes do Au P'tit Grec na rue Mouffetard.
Chegado a casa, há uma festa de despedida. De R., uma portuguesa do primeiro andar com quem nos últimos tempos me estava a dar muito bem. Apercebo-me de que a casa vive centrada no segundo e terceiro andares, mas que há mais para além disso, como o grupo perfeitamente coeso do primeiro. Fiquei mesmo com pena de não ter conhecido R. melhor... Segundo ela, trataremos disso uma vez em Portugal.
E S.? "Je n'en sais rien."
Por agora, "voyons, Manon, plus de chimères": estudemos para os exames.
E S.? Questão pertinente. Surpreende-me. Por se prestar a uma série de comportamentos que me deixam baralhado, coisas que normalmente seriam desnecessárias ou sem muito sentido. Revela-se muito cúmplice, mesmo que tenhamos estado poucas vezes juntos. Um dia destes bate-me à porta...
Um certa atmosfera de fim começa a instalar-se. Na quinta-feira, acabaram as aulas e devido ao cours de rattrapage de M. Houte deixei uma Clignancourt vazia ao final do dia. C. dramatizava, por ser a última aula do Houte (quem ela ainda tentou aplaudir, sem grande sucesso), por ser a última aula deles em Clignancourt (para o ano passam para a "belle Sorbonne"). Vou ter saudades deles... de C., de T., de N. e até de C., que descobri morar em Montparnasse.
Nesse mesmo dia visitei o Mémorial de la Shoah com L. em Le Marais. É impressionante, um trabalho gigantesco que nos deixou aos dois bastante perturbados. Como já era tarde quando saímos, fomos experimentar as verdadeiramente gigantes gallettes do Au P'tit Grec na rue Mouffetard.
Chegado a casa, há uma festa de despedida. De R., uma portuguesa do primeiro andar com quem nos últimos tempos me estava a dar muito bem. Apercebo-me de que a casa vive centrada no segundo e terceiro andares, mas que há mais para além disso, como o grupo perfeitamente coeso do primeiro. Fiquei mesmo com pena de não ter conhecido R. melhor... Segundo ela, trataremos disso uma vez em Portugal.
E S.? "Je n'en sais rien."
Por agora, "voyons, Manon, plus de chimères": estudemos para os exames.
mercredi 28 mai 2008
Adieu, la Géo
Terminei os exames de Geografia!
Agora faltam os de História. (E amanhã um teste de Análise do Mundo Contemporâneo, para o qual, como imaginam, não me apetece estudar.)
Agora faltam os de História. (E amanhã um teste de Análise do Mundo Contemporâneo, para o qual, como imaginam, não me apetece estudar.)
mardi 27 mai 2008
lundi 26 mai 2008
Tous les trois voyageurs
Ainda não estou refeito. De ter sabido que vocês os três me vão abandonar para o ano. Por outro lado estou feliz por sabê-lo, sobretudo pelas meninas que vêm para aqui, para este cantinho chamado Paris.
Anseio pela temporadazinha na Costa Nova, por uns diazinhos só nossos.
Anseio pela temporadazinha na Costa Nova, por uns diazinhos só nossos.
Les serments ont des ailes
Fim-de-semana da Fête de la Cité. Grande fim-de-semana, complementado com actividades por iniciativa própria.
Há por aqui quem diga que eu devia ter um blog. Dizem que o meu blog seria o melhor, que eu faço uma reflexões "muito à frente" ou coisa parecida. Mas o que esperariam de um tal blog? Que nele dissesse que tenho adorado os momentos com S. (que cada vez se tornam mais cúmplices), que cada vez gosto mais de estar com L. (tornando-se as visitas de paleio algo frequente), que não compreendo o comportamento de N. ou que o meu ex-stalker se revela surpreendente e extremamente agradável?
(Já vos disse que vou ver o Don Carlo à Opéra Bastille?)
Há por aqui quem diga que eu devia ter um blog. Dizem que o meu blog seria o melhor, que eu faço uma reflexões "muito à frente" ou coisa parecida. Mas o que esperariam de um tal blog? Que nele dissesse que tenho adorado os momentos com S. (que cada vez se tornam mais cúmplices), que cada vez gosto mais de estar com L. (tornando-se as visitas de paleio algo frequente), que não compreendo o comportamento de N. ou que o meu ex-stalker se revela surpreendente e extremamente agradável?
(Já vos disse que vou ver o Don Carlo à Opéra Bastille?)
mardi 20 mai 2008
le plus souvent la nuit
Estávamos nuns degraus do Louvre a satisfazermo-nos com grecs. Estava frio e era Domingo à noite. Quando J. disse: "Tu gostas de personagens efémeras."
dimanche 18 mai 2008
Soirée du 17 mai
Foi uma soirée charmante com a Cécile, totalmente falada em francês. D'abord jantar no japonais, ensuite ida à Cité Nationale de l'Histoire de l'Immigration.
Chego à Maison, um grupo prepara-se para ir a uma das várias festas que há pela Cité, decido juntar-me. A ideia inicial era ir à da Fondation Argentine, mas dizem estar cheia, ainda por cima a 7 euros. Enquanto estamos sentados à porta da Fondation Biermans-Lapôtre (Bélgica) em indecisões, aproxima-se um mec que nos anuncia entrada gratuita na Fondation Suisse. Allons-y!
Nem sempre a música era da melhor. A dada altura, a Miúda-do-fundo-do-corredor pega-me na mão, subimos para um banco. Somos seguidos pouco depois por C. (lembram-se? a do saco de compras? sim, está cá de visita) e o meu ex-stalker. Ahah, pusemos aquilo tudo a mexer!
Agora estou à espera da pequena S. e de mais alguém (que foram à Fondation Argentine) para comer qualquer coisa.
(Sim, eu sei, tenho um pequeno teste e um exame esta semana.)
Chego à Maison, um grupo prepara-se para ir a uma das várias festas que há pela Cité, decido juntar-me. A ideia inicial era ir à da Fondation Argentine, mas dizem estar cheia, ainda por cima a 7 euros. Enquanto estamos sentados à porta da Fondation Biermans-Lapôtre (Bélgica) em indecisões, aproxima-se um mec que nos anuncia entrada gratuita na Fondation Suisse. Allons-y!
Nem sempre a música era da melhor. A dada altura, a Miúda-do-fundo-do-corredor pega-me na mão, subimos para um banco. Somos seguidos pouco depois por C. (lembram-se? a do saco de compras? sim, está cá de visita) e o meu ex-stalker. Ahah, pusemos aquilo tudo a mexer!
Agora estou à espera da pequena S. e de mais alguém (que foram à Fondation Argentine) para comer qualquer coisa.
(Sim, eu sei, tenho um pequeno teste e um exame esta semana.)
samedi 17 mai 2008
Retour à la pluie
O tempo mudou, voltou ao normal. Quarta-feira a tarde passeava pela Cité com a pequena S. quando fomos surpreendidos por uma chuvada daquelas. Chegámos a casa com as roupas coladas ao corpo e literalmente a pingar. Banho com eles, chinelos desfeitos.
Ontem o dia também esteve escurinho. Ao final da tarde bate-me A. à porta. Meia hora depois é a vez da Miúda-do-fundo-do-corredor acompanhada de D. fazer o mesmo. Para ir jantar fora. Restaurante italiano na zona da Place de Clichy.
Regresso a casa com S., A., M., G., o meu ex-stalker e duas visitas. Passagem pela festa privada do Collège Franco-Britannique, onde estavam M. E., R. e outros residentes da Maison. Deu para nos divertirmos, apesar de ter acabado cedo.
Acabei na rua a cantar com S. debaixo de chuva, intercalando as canções e os gritos com lamentos de S. relativamente a D.
Já estou um bocadinho farto das Resistências alemãs durante o Terceiro Reich.
Hoje vou jantar e à Nuit des Musées com a Cécile.
Ontem o dia também esteve escurinho. Ao final da tarde bate-me A. à porta. Meia hora depois é a vez da Miúda-do-fundo-do-corredor acompanhada de D. fazer o mesmo. Para ir jantar fora. Restaurante italiano na zona da Place de Clichy.
Regresso a casa com S., A., M., G., o meu ex-stalker e duas visitas. Passagem pela festa privada do Collège Franco-Britannique, onde estavam M. E., R. e outros residentes da Maison. Deu para nos divertirmos, apesar de ter acabado cedo.
Acabei na rua a cantar com S. debaixo de chuva, intercalando as canções e os gritos com lamentos de S. relativamente a D.
Já estou um bocadinho farto das Resistências alemãs durante o Terceiro Reich.
Hoje vou jantar e à Nuit des Musées com a Cécile.
lundi 12 mai 2008
Mémorial de la Déportation
Sim, fui lá hoje, depois de ter ido às La Fayette. Achei que merecia um post só para ele. Queria visitar qualquer coisa e como já andava para lá ir, hoje decidi-me a descobri-lo. Lá o encontrei, no fim da Ile de la Cité.
É um pequeno retiro, de paredes altas e passagens estreitas.
Deixo aqui a inscrição existente no interior por cima da porta: "Pardonne, n'oublie pas." ["Perdoa, não esqueças."]
É um pequeno retiro, de paredes altas e passagens estreitas.
Deixo aqui a inscrição existente no interior por cima da porta: "Pardonne, n'oublie pas." ["Perdoa, não esqueças."]
Lundi de Pentecôte
Estou a ouvir um disco de electro-pop. Ficou-me o bichinho desde a noite de quinta no Rex. Como diz S., nós fizemos a festa toda.
Deixei o trabalho quase terminado quando fui almoçar pela quarta vez consecutiva com S. à grande pelouse da Cité. Regresso, termino-o. Fim. Vichy e os judeus estão já arrumados dentro daquelas páginas. É hora de me oferecer o cadeau que já gostaria de me ter oferecido ontem: sair.
Vou até Saint-Lazare. Entro e saio de lojas e galerias comerciais. É nas La Fayette que compro uma gravação de Alcina (Handel) com Fleming, Graham e Dessay e o disco em audição.
Soube-me bem andar pelas ruas cheias de sol, de chinelo e óculos de sol. Foram dias a fio deitado em relvados a ler livros com títulos do género Les Juifs pendant l'Occupation e Les lois de Vichy.
Não sei se o trabalho está maravilhoso, mas estou feliz com o resultado. Compensou.
(Agora toca a pensar na Martinica para quinta-feira!)
Deixei o trabalho quase terminado quando fui almoçar pela quarta vez consecutiva com S. à grande pelouse da Cité. Regresso, termino-o. Fim. Vichy e os judeus estão já arrumados dentro daquelas páginas. É hora de me oferecer o cadeau que já gostaria de me ter oferecido ontem: sair.
Vou até Saint-Lazare. Entro e saio de lojas e galerias comerciais. É nas La Fayette que compro uma gravação de Alcina (Handel) com Fleming, Graham e Dessay e o disco em audição.
Soube-me bem andar pelas ruas cheias de sol, de chinelo e óculos de sol. Foram dias a fio deitado em relvados a ler livros com títulos do género Les Juifs pendant l'Occupation e Les lois de Vichy.
Não sei se o trabalho está maravilhoso, mas estou feliz com o resultado. Compensou.
(Agora toca a pensar na Martinica para quinta-feira!)
jeudi 8 mai 2008
C'est bizarre...!
Quando na Gare du Nord um falante de inglês me faz perguntas sobre a direcção a tomar eu respondo em francês??
Armistice (1945)
Ontem, depois de um pequeno passeio à beira do Sena entre Concorde e Châtelet, a minha soirée acabou por se transformar num pequeno episódio dos Morangos com Açúcar.
Hoje é feriado por causa do final da Segunda Guerra Mundial, o primeiro de cinco dias de fim-de-semana. O rádio que me acordou anunciou que a região de Ile-de-France será assolada por 27º C. durante a tarde.
Hoje é feriado por causa do final da Segunda Guerra Mundial, o primeiro de cinco dias de fim-de-semana. O rádio que me acordou anunciou que a região de Ile-de-France será assolada por 27º C. durante a tarde.
mercredi 7 mai 2008
On peut toujours regarder les choses du bon côté
Acordei a tempo de ir a uma conferência que haveria na aula de Aménagement, juro que acordei. Mas dispus-me a dormir apenas por mais dez minutos. Bela ideia, sem programar nenhum despertador. Acordo uma hora depois, seria necessário correr muito, muito. Fico então. Sou expulso do quarto pela femme de ménage, vou tomar o pequeno-almoço para a cozinha grande. Pouco depois surge M. E. Ficamos uma hora à conversa, a partilhar problemas escolares e agregados, sobretudo ela. Soube-me tão bem ficar ali a conversar nas calmas com ela, logo agora que me sinto um pouco doente e perdido.
Saio para ter então a única aula do dia, já que Géographie de l'Ile de France é outra que já sei que não haverá desde antes das férias. O sol brilha sobre Paris, ainda. Durante a aula C. pergunta-me se conheço um jogo de cartas tarot e convida-me para jogar com eles durante a hora de almoço, para aproveitar o sol. Saídos da aula compramos sandes na cafetaria e vamos para um relvado das traseiras. Somos cinco: eu, os habituais C., N. e T. e ainda C. O jogo não é o tarot como eu o entendo. É um jogo de cartas normal, se bem que o baralho contenha algumas cartas que eu desconhecia. Foi bom, estar ali ao sol a jogar com eles. Às 14h lá foram eles para a mal-afamada Culture Gé. Dirigo-me a Championnet para devolver uns livros e requisitar outros. Apanho depois o metro para Châtelet. Compro um par de calções na rue de Rivoli, o calor a isso obriga, já que não trouxe nenhuns de Portugal. Entretanto já telefonei à minha mãe, o que foi bom, a conversa confortou-me.
Quando saio das lojas está tanto sol que uma felicidade me percorre. Vou a pé até Saint-Michel, num acesso de genuína boa-vontade passo pelo Marché aux Fleurs e compro um vaso de flores púrpura para M. E. Apetece-me alegrá-la.
Chego a casa, faço a oferta, ela mostra-se realmente agradecida - o que me enche de contentamento - e oferece-me chocolate. Damos um passeio rápido até à grande pelouse e regressamos. M. E. mostra-me algumas fotos do casamento da irmã. Depois volto para o meu quarto, já consegui trabalhar um bocado. A italiana aparece depois para me chamar para lanchar com ela e N.
Hm, sei lá, o dia está a correr-me bem, malgré tout!
Saio para ter então a única aula do dia, já que Géographie de l'Ile de France é outra que já sei que não haverá desde antes das férias. O sol brilha sobre Paris, ainda. Durante a aula C. pergunta-me se conheço um jogo de cartas tarot e convida-me para jogar com eles durante a hora de almoço, para aproveitar o sol. Saídos da aula compramos sandes na cafetaria e vamos para um relvado das traseiras. Somos cinco: eu, os habituais C., N. e T. e ainda C. O jogo não é o tarot como eu o entendo. É um jogo de cartas normal, se bem que o baralho contenha algumas cartas que eu desconhecia. Foi bom, estar ali ao sol a jogar com eles. Às 14h lá foram eles para a mal-afamada Culture Gé. Dirigo-me a Championnet para devolver uns livros e requisitar outros. Apanho depois o metro para Châtelet. Compro um par de calções na rue de Rivoli, o calor a isso obriga, já que não trouxe nenhuns de Portugal. Entretanto já telefonei à minha mãe, o que foi bom, a conversa confortou-me.
Quando saio das lojas está tanto sol que uma felicidade me percorre. Vou a pé até Saint-Michel, num acesso de genuína boa-vontade passo pelo Marché aux Fleurs e compro um vaso de flores púrpura para M. E. Apetece-me alegrá-la.
Chego a casa, faço a oferta, ela mostra-se realmente agradecida - o que me enche de contentamento - e oferece-me chocolate. Damos um passeio rápido até à grande pelouse e regressamos. M. E. mostra-me algumas fotos do casamento da irmã. Depois volto para o meu quarto, já consegui trabalhar um bocado. A italiana aparece depois para me chamar para lanchar com ela e N.
Hm, sei lá, o dia está a correr-me bem, malgré tout!
mardi 6 mai 2008
Chaleur de mai
Calor. Calor em Paris. Calor.
Entretanto as demoiselles já vieram e foram embora. Entretanto já fiquei doente.
Mas está sol, calor. Na sexta-feira fui trabalhar para a grande pelouse com N. Soube-me tão bem. Ontem fui para debaixo de umas árvores próximas. Hoje encaminhava-me para o mesmo sítio, mas acabei por me ficar pelo terraço do primeiro andar no que parecia uma pequena festa de praia ou jardim, com direito a música-ambiente.
Faz calor em Paris. E o trabalho sobre a França de Vichy vai avançando lentamente. Tenho descobrido muitas coisas interessantes sobre a França de Vichy (Pétain inspirou-se em Salazar), mas o trabalho em si não avança.
Entretanto as demoiselles já vieram e foram embora. Entretanto já fiquei doente.
Mas está sol, calor. Na sexta-feira fui trabalhar para a grande pelouse com N. Soube-me tão bem. Ontem fui para debaixo de umas árvores próximas. Hoje encaminhava-me para o mesmo sítio, mas acabei por me ficar pelo terraço do primeiro andar no que parecia uma pequena festa de praia ou jardim, com direito a música-ambiente.
Faz calor em Paris. E o trabalho sobre a França de Vichy vai avançando lentamente. Tenho descobrido muitas coisas interessantes sobre a França de Vichy (Pétain inspirou-se em Salazar), mas o trabalho em si não avança.
mardi 29 avril 2008
"Hélas! hélas! l'oiseau qui fuit ce qu'il croit l'esclavage..."
Enquanto fazia tempo para me encontrar com T. em frente à Bibliothèque Historique, entrei na Église Saint-Paul - Saint-Louis na rue de Rivoli. Isto é parvo, mas agora não consigo entrar numa igreja sem que comece logo a ouvir na minha cabeça a Manon a cantar "Pardonnez-moi, Dieu de toute puissance!..."
Gostei da exposição (Les Parisiens sous l'occupation), incluindo o monsieur que gritava que aquilo tudo não era mais que revisionismo enquanto um responsável discursava para a televisão. Troco sempre impressões interessantíssimas com T. Pena que ela se tenha ido embora logo em seguida.
Gostei da exposição (Les Parisiens sous l'occupation), incluindo o monsieur que gritava que aquilo tudo não era mais que revisionismo enquanto um responsável discursava para a televisão. Troco sempre impressões interessantíssimas com T. Pena que ela se tenha ido embora logo em seguida.
Jeunes fillettes, profitez du temps...
A árvore que existe em frente à minha janela está coberta de folhas. C'est à dire adeus Périphérique!
jeudi 24 avril 2008
[Ficções] Grand Hotel II
- Acho que ainda não fomos oficialmente apresentados.
Isto disse uma jovem mulher vestida de branco enquanto me estendia a mão, expressão facial afável mas a dar ares de desempenada. Deviam ser nove horas e meia da noite, o sol já não brilhava. A sala de leitura do fundo do corredor apresentara-se convidativa - em grande parte devido à luz amarelada dos seus quebra-luz - e nela me decidira instalar, um livro desencantado nas estantes nas mãos.
As apresentações foram feitas, já que a recém-chegada o exigia. Fiquei a saber que na verdade era eu o recém-chegado e o seu nome era Simone.
- Como a de Beauvoir, está a ver?
Pouco depois surgiu uma outra jovem, evidentemente em busca da primeira. Era Maria Ana, amiga de Simone. Quase se podia dizer sua irmã, ou até mesmo gémea, tais eram as parecenças, mais no que dizia respeito ao vestuário, postura, trejeitos e modo de locomoção do que em traços físicos (e psicológicos, como viria a descobrir). Maria Ana envergava também um vestido branco pelos joelhos, revelou-se porém mais natural nas apresentações: demonstrava uma genuína vontade de ser agradável para comigo, o recém-chegado.
Falaram as duas em voz baixa, não se importando muito com a minha presença. Foi o momento de um homem novo, de cabelos louros e olhos pequenos e aparentemente vigilantes, fazer a sua entrada. Disse um "boa noite" sumido (a que as jovens responderam de maneira simpática) e deixou o olhos varrerem o aposento. Antes de encontrar o que procurava deu pela minha presença, e um sorriso e saudação igualmente sumidos foi o que me concedeu, para se devotar de novo à sua inspecção. Deteve-se com uma exclamação surda e um meio-sorriso aliviado. Seguindo-lhe o olhar, acabei por entender que era o livro de fórmulas esquecido o que procurava. Recolheu-o de modo carinhoso, como se tudo dependesse daquele volume, e voltou-se para sair.
- Já vais, Jorge? - perguntou Maria Ana, interrompendo brevemente a sua conversa com a amiga. O jovem do livro estacou, virou-se e pela expressão do rosto percebi que não se sentia muito confortável. Deu uma explicação atabalhoada que terminou em "bem, até amanhã" e saiu.
Elas deixaram-se ficar, mantinham a sua conversa a meia-voz. Pouco depois, como se alguém as relembrasse da minha presença, sentaram-se junto a mim e rodearam-me de palavras.
Isto disse uma jovem mulher vestida de branco enquanto me estendia a mão, expressão facial afável mas a dar ares de desempenada. Deviam ser nove horas e meia da noite, o sol já não brilhava. A sala de leitura do fundo do corredor apresentara-se convidativa - em grande parte devido à luz amarelada dos seus quebra-luz - e nela me decidira instalar, um livro desencantado nas estantes nas mãos.
As apresentações foram feitas, já que a recém-chegada o exigia. Fiquei a saber que na verdade era eu o recém-chegado e o seu nome era Simone.
- Como a de Beauvoir, está a ver?
Pouco depois surgiu uma outra jovem, evidentemente em busca da primeira. Era Maria Ana, amiga de Simone. Quase se podia dizer sua irmã, ou até mesmo gémea, tais eram as parecenças, mais no que dizia respeito ao vestuário, postura, trejeitos e modo de locomoção do que em traços físicos (e psicológicos, como viria a descobrir). Maria Ana envergava também um vestido branco pelos joelhos, revelou-se porém mais natural nas apresentações: demonstrava uma genuína vontade de ser agradável para comigo, o recém-chegado.
Falaram as duas em voz baixa, não se importando muito com a minha presença. Foi o momento de um homem novo, de cabelos louros e olhos pequenos e aparentemente vigilantes, fazer a sua entrada. Disse um "boa noite" sumido (a que as jovens responderam de maneira simpática) e deixou o olhos varrerem o aposento. Antes de encontrar o que procurava deu pela minha presença, e um sorriso e saudação igualmente sumidos foi o que me concedeu, para se devotar de novo à sua inspecção. Deteve-se com uma exclamação surda e um meio-sorriso aliviado. Seguindo-lhe o olhar, acabei por entender que era o livro de fórmulas esquecido o que procurava. Recolheu-o de modo carinhoso, como se tudo dependesse daquele volume, e voltou-se para sair.
- Já vais, Jorge? - perguntou Maria Ana, interrompendo brevemente a sua conversa com a amiga. O jovem do livro estacou, virou-se e pela expressão do rosto percebi que não se sentia muito confortável. Deu uma explicação atabalhoada que terminou em "bem, até amanhã" e saiu.
Elas deixaram-se ficar, mantinham a sua conversa a meia-voz. Pouco depois, como se alguém as relembrasse da minha presença, sentaram-se junto a mim e rodearam-me de palavras.
lundi 21 avril 2008
Remarque frivole
Ainda bem que troquei a t-shirt amarelo-post-it pela t-shirt verde-vivo. As cores importam.
Daqui a pouco vou à Île Saint-Louis.
Daqui a pouco vou à Île Saint-Louis.
Les vacances de Pâques
A minha entrada em férias correspondeu a um início de desregramento total.
Ontem encontrei finalmente a versão teatral de L'Arlésienne de Daudet. Ilustrada e com letras bem grandes, mas não interessa, tenho-a.
À noite, depois do jantar, houve jogo de perguntas e respostas chez A.. Cada um escreveu uma série de perguntas, colocou-as em seguida num saco, para serem retiradas e lidas aleatoriamente. Foi algo diferente e um pouco inesperado (até por causa do grupo que me rodeava). Mas até gostei. Foi difícil ter de dizer o que me mais detestava nas pessoas com quem me sento habitualmente à mesa, mas também acabei por ouvir coisas um tanto ou quanto lisonjeadoras. Experiências, experiências...
(Ah, já agora, caro leitor, bailado de Morte em Veneza em Châtelet, uh uh!)
Gosto quando M. diz que tenho um ar querido quando acordo e me abraça. Não entendo os sorrisos de J. Por que é tão difícil encetar conversações com algumas pessoas? Gosto de dramatismos e comportamentos alheados.
Ontem encontrei finalmente a versão teatral de L'Arlésienne de Daudet. Ilustrada e com letras bem grandes, mas não interessa, tenho-a.
À noite, depois do jantar, houve jogo de perguntas e respostas chez A.. Cada um escreveu uma série de perguntas, colocou-as em seguida num saco, para serem retiradas e lidas aleatoriamente. Foi algo diferente e um pouco inesperado (até por causa do grupo que me rodeava). Mas até gostei. Foi difícil ter de dizer o que me mais detestava nas pessoas com quem me sento habitualmente à mesa, mas também acabei por ouvir coisas um tanto ou quanto lisonjeadoras. Experiências, experiências...
(Ah, já agora, caro leitor, bailado de Morte em Veneza em Châtelet, uh uh!)
Gosto quando M. diz que tenho um ar querido quando acordo e me abraça. Não entendo os sorrisos de J. Por que é tão difícil encetar conversações com algumas pessoas? Gosto de dramatismos e comportamentos alheados.
mercredi 16 avril 2008
[Ficções] Grand Hotel
Há quem considere a "Grand Hotel formula" completamente ultrapassada.
Uma luz laranja de sol, risos de crianças ao longe, mergulhos numa piscina. Era algo de difuso o que envolvia o quarto em que pousei as minhas duas malas naquela tarde.
Numa pequena exploração, verifiquei que aquela ala do hotel parecia um pouco deslocada do resto. Não se ouviam ruídos, alguém a falar, uma porta a bater, nada. Ao fundo do corredor, uma porta envidraçada de dois batentes. Aparentava ser uma sala de leitura ou convívio. Agradável e clara, um certo odor a tabaco. Aberto, sobre uma poltrona perto de uma janela, alguém deixara um manual de fórmulas indecifráveis.
Aproximei-me dessa mesma janela, entreaberta, inspirei o ar da tarde. Relvados rodeavam o hotel.
Não sabia bem o que ali estava a fazer, a desculpa de um casamento parecia demasiado fácil, demasiado ridícula. O que era aquela luz laranja e morna? O que era aquela corredor obscuro, aquela sala de leitura vazia?
O resto da tarde preenchi-o com um passeio pelos terrenos, o facto de estar um pouco aturdido pela viagem não permitia ir mais longe.
Foi à noite que os encontrei.
Uma luz laranja de sol, risos de crianças ao longe, mergulhos numa piscina. Era algo de difuso o que envolvia o quarto em que pousei as minhas duas malas naquela tarde.
Numa pequena exploração, verifiquei que aquela ala do hotel parecia um pouco deslocada do resto. Não se ouviam ruídos, alguém a falar, uma porta a bater, nada. Ao fundo do corredor, uma porta envidraçada de dois batentes. Aparentava ser uma sala de leitura ou convívio. Agradável e clara, um certo odor a tabaco. Aberto, sobre uma poltrona perto de uma janela, alguém deixara um manual de fórmulas indecifráveis.
Aproximei-me dessa mesma janela, entreaberta, inspirei o ar da tarde. Relvados rodeavam o hotel.
Não sabia bem o que ali estava a fazer, a desculpa de um casamento parecia demasiado fácil, demasiado ridícula. O que era aquela luz laranja e morna? O que era aquela corredor obscuro, aquela sala de leitura vazia?
O resto da tarde preenchi-o com um passeio pelos terrenos, o facto de estar um pouco aturdido pela viagem não permitia ir mais longe.
Foi à noite que os encontrei.
lundi 14 avril 2008
Le dimanche soir
Isto começa a tornar-se crónico: postar em alturas de crise ou semi-crise. Estou a odiar verdadeiramente Monsieur Dubois.
À plus,
le Chevalier
À plus,
le Chevalier
mercredi 9 avril 2008
"et desservira toutes les gares..."
Reparei logo nisto: os quadros nas gares do RER que mostram as estações desservies através de pequenos quadrados cor-de-laranja lembram-me a máquina de lavar roupa de casa do meu avô.
Photographie
Há dois dias atrás N. descobriu uma foto de uma festa em que se vê M. e D. todos amigos e felizes. N. riu-se e fez comentário irónico-depreciativos. Exactamente porque M. e D. não são assim tão amigos.
Isto lembrou-me uma produção de Lucia de Lammermoor (Donizetti) na Metropolitan Opera de Nova Iorque em Setembro último. A acção foi transposta para o século XIX e na cena da festa de casamento puseram um fotógrafo que ia registando grupos e expressões que não correspondiam à realidade. (A Lucia é obrigada a casar com um homem de quem não gosta.)
A fotografia, a fotografia...
Isto lembrou-me uma produção de Lucia de Lammermoor (Donizetti) na Metropolitan Opera de Nova Iorque em Setembro último. A acção foi transposta para o século XIX e na cena da festa de casamento puseram um fotógrafo que ia registando grupos e expressões que não correspondiam à realidade. (A Lucia é obrigada a casar com um homem de quem não gosta.)
A fotografia, a fotografia...
lundi 7 avril 2008
La neige
Nevou durante a noite. De manhã estava sol. Quando fui à janela da cozinha vi alguns telhados e relvados da Cité cobertos de neve. Foi bonito.
Agora todos perguntam uns aos outros se viram a neve.
dimanche 6 avril 2008
vendredi 4 avril 2008
Le soir
Devia arranjar uma cronologia dos presidentes da República Francesa, vi no outro dia que uma estrangeira tinha uma. Seria muito útil para Vie politique et société française.
Ontem decidi aproveitar o fim de tarde. Estava sol. Saí do teste de Europeus, apanhei o metro e depois o RER até ao Musée d'Orsay, que há muito andava para visitar. Não me apetecia ir para casa e o d'Orsay é gratuito às quintas-feiras a partir das 18h para estudantes. Adoro os dias compridos do horário de Verão. Sair do metro mesmo à beira do Sena com tanta luz, as Tuileries do outro lado... Renovava os meus votos de amor a esta cidade.
Fiz tempo até às 18h deambulando pela zona, até ao boulevard St. Germain. Constatei que a rue de Lille parece o sítio ideal para uma cena bem romântica.
O museu. Grande, a galeria central cheia de luz. Visitei todo o rés-do-chão, sempre descobrindo novos recantos com obras expostas. Andei por lá umas duas horas. Às tantas já eram quadros a mais, a cabeça doia-me, pensei em ir para casa. Saí. Verifiquei então que não queria ir para casa, apenas desejava o ar livre, aqueles tons de Verão demasiado aprazíveis. Gosto destes programas a dois, eu e a cidade, sobretudo quando esta acaba de ser agraciada com um pôr-do-sol limpinho. Caminho. Vou até à rue de Rivoli, decidira jantar no McDo, mesmo ao lado do Louvre. Um senhor simpático dá-me o resto dos seus guardanapos.
Continuo o meu passeio. As ruas prendem-me. Passo pela Comédie-Française, ao fundo da avenida está o sempre imponente Palais Garnier. Place du Palais-Royal. Continuando acabo por chegar à place du Châtelet, que, com os seus dois teatros, a coluna ao centro, a sua luz, não deixa adivinhar o horror escondido no seu subsolo. Continuo até à Île de la Cité, onde apanho o metro. Apetece-me fazer um caminho diferente para casa. Penso sair em Saint-Sulpice ("Où faut-il vous porter, cousine?" "À Saint-Sulpice!"), mas desisto da ideia, àquela hora não devo conseguir apreciar como desejo. Porte d'Orléans, o outro lado da linha 4. Apanho o tram até Cité Universitaire. Estou quase a chegar a casa quando me cruzo com um grupo de residentes. Convidam-me para ir com eles "beber uma cerveja". Fomos até Bastille, outros se nos juntaram depois.
Regressámos. Depois fiquei à conversa com N. até às 4h.
Talvez uma cronologia dos presidentes da República Francesa não fosse má ideia.
mardi 1 avril 2008
Le 1er avril
Tenho contrôle de Europeus e o Atlântico na quinta. Bah. Estou cansado, não me apetece estudar, daqui a pouco vou dormir. Abri o caderno e o fascicule de textos e verifiquei que talvez já não precisasse mesmo de estudar muito.
Hoje não fui à primeira aula, desliguei o telemóvel, baixei o som do despertador, pelo que quando este voltou a tocar, eu nem o ouvi. Acordei dez minutos antes da aula. Quando chego à porta da sala 117, encontro C. que também faltara à primeira aulas, se bem que para estudar ou pelo menos tentar. Na segunda aula vimos excertos de filmes franceses dos anos 30. Almocei com T. e C., ela adora contar histórias enfatisando todas as frases e gestos, adora contar piadas.
Depois das aulas T. e K. comentavam um cartaz que anunciava uma A.G. para amanhã. T. receia novas bloquages. Ui, isso é que seria!
Ao chegar a casa, encontro M. e N. com um italiano novo na cozinha. Os dois últimos desaparecem pouco depois, fico a conversar com M. Conhecemos C. e A., também novos residentes. Às tantas aparece S. e pouco depois M. E., que acaba por nos convidar por um passeiozinho pela Cité. Acabara por ficar horas a conversar com M. na cozinha. Quando saímos de casa, encontramos N. que regressa de um "encontro social de Erasmus" na faculdade. Pouco depois cruzamo-nos com D., que também se junta a nós. Eu, M. E., M. e N. ensaiamos um jogo da apanhada. Converso com S., nunca tinha falado tanto tempo com ela. Quando regressamos pede-me o mail.
O melhor do novo horário é o dias serem claramente mais longos.
Janto com N. Sei que a cozinha do segundo está cheia, nem lá entro. Agora estou aqui, após ter desistido de estudar e ainda não ter ido dormir.
Este post é de uma banalidade tremenda.
vendredi 28 mars 2008
jeudi 27 mars 2008
Chronique au hasard
Terminei o trabalho. Depois de muito stress. Estes últimos dias têm sido cheios.
A semana antes da Páscoa passou a correr, num quase desleixo. Quinta-feira amanheceu com alguma graça, soube-me bem tomar o pequeno-almoço com alguma calma, deixar o quarto arrumado e ir apanhar o autocarro para o aeroporto.
Sol em Lisboa! Luz, luz, muita luz! Espaço! Tenho andado com os olhos enevoados? Um misto de sensações, algo de irreal e deslocado me rodeava. Que estou eu a fazer ao pé da minha faculdade? Não, agora aquela não é a minha faculdade! Não estou de férias, mas porque não sinto que consiga ir às aulas na segunda-feira? Não, não! Há algo por acabar mais a Norte. É estranho estar em sítios que faziam parte do nosso quotidiano e de repente deixaram de o fazer. Revejo uma data de sítios nas minhas queridas Avenidas Novas numa só tarde.
Chegar a casa. Chegar a casa! A luz entra pelas janelas, ah, a sensação é a mesma, chegar a casa tem sempre o mesmo sabor. O meu quarto tem tanto espaço! Estranho a maneira como a água corre das torneiras e o peso da lagarta do chuveiro. Luz.
Passar por Cascais e por um Guincho tempestuoso e por Sintra, comer travesseiros e queijadas. Nesse dia falto a uma festa em Paris, com muita pena minha. É X. que parte, provavelmente a última do primeiro semestre (logo agora que nos estávamos a dar tão bem, que conversávamos no teu quarto e eu te fazia perguntas de Pediatria no meio de uma risota pegada). É com pena que sei que parte (seria um paradoxo dizer que era com pena que a via partir). Queria que a festa fosse perfeita, convidou imensa gente à plusieurs reprises. Para piorar o panorama, a sua festa de aniversário realizar-se-ia em Lisboa logo no dia imediato ao do meu regresso ao 14ème.
No Sábado, passeio até Lagoa de Albufeira e Sesimbra. Nuvens, muito vento. Nessa noite reencontro a Ana , a Cátia e o Nelson. Rever a Avenida da Liberdade, o Largo de Camões, a Rua Garrett, os Armazéns, os Armazéns onde passávamos horas de ócio depois das aulas. Feliz reencontro! Apelei à criatividade para o outfit, visto quase toda a minha roupa decente estar num armário de portas verde-alface a muitos quilómetros dali. Depois de muita indecisão, decidimos jantar num indiano. Partilham-se muitas histórias, muitas novidades. A despedida custou. Eu e Ana seguimos para o Bairro Alto, tão vazio e tranquilo nessa noite, vamos para o bar da passagem de ano! "Imperial a 1 euro" diz um affichage na porta... Parece de borla após um mês e meio numa cidade onde o dinheiro se desfaz a uma velocidade alucinante! O Nelson perde o último autocarro para o seu fim-do-mundo, vem ter connosco. Ana vai embora. Voltamos para o bar e conversamos. Quando o bar fecha descemos até perto de Santos para comer. Algum tempo depois junta-se a nós o Zé Carlos, que eu já perdera a esperança de reencontrar. Mas reencontro. E a despedida custou. Vejo a cidade a ficar muito clara, aqui amanhece tão cedo, tanta luz, é tão bonito! Luz, luz, luz. O céu está tão azul e tão claro! Durmo menos de seis horas: almoço de Páscoa. Uma tarde inteira a comer, basicamente.
No dia seguinte acordo mais tarde que o suposto, arranjo-me, o pai vem buscar-me e vão por-me ao aeroporto. Devoro Morte em Veneza (bem mais intelectual que as deliciosas futilidades da FHM comprada dentro de um pequeno orçamento de trocos para a viagem de ida), apesar do miudinho irritante que me calhou no lugar ao lado. A viagem parece demorar eternidades, a tripulação avisa Orly e nem sinais dele. Enfim, Paris. Sair do avião, sair do aeroporto, voltar para casa! (O que é voltar para casa, afinal?) Perco o autocarro, espero pelo próximo enquanto escurece. A viagem de autocarro parece longa, longa, longa. Montsouris! Je descends! Falta-me ainda descer o boulevard deserto sobre um pavimento molhado e sob um céu escuro. Entro pelos portões principais, é uma visão triste de uma Cité em lundi de Pâques. A Maison Internationale fechada, às escuras! Apresso-me até à Résidence André de Gouveia, chego enfim!
Reencontro meu quarto, ao jantar reencontro pessoas... M. e os pais, N., S., C., D., M... Depois do jantar tenho de trabalhar, mas a vontade é nenhuma. Um trabalho para entregar na quinta e praticamente nada ainda feito. Perco-me em conversas e convívio. Regresso a uma casa onde se discute o novo Acordo Ortográfico. Distribuo queijadas de Sintra que me lembrei de trazer. C. e D., brasileiros, gostam, C. repete. Trocam-se novidades do fim-de-semana, a casa esteve praticamente vazia nestes dias, fala-se da festa de X. Nevou em Paris, se bem que uma nevezinha débil. M. diz que os tios delas (leia-se Professores Bernardo e Buescu) se lembram de mim e me tecem breves elogios. J. agradece a queijada, interessa-se pelo meu fim-de-semana em terras lusas. Rimos com coisas parvas. Diz querer ler alguma coisa minha quando sabe que escrevo. Isto leva-me a uma preocupação pois verifico no quarto que um caderno que esperava encontrar não está lá, depois de também não o ter encontrado no meu quarto em Portugal. Informo-o da existência de um palácio que pertenceu aos segundos imperadores do México no local para onde vai viajar, ele sabe o meu interesse por essas figuras, diz-me que o irá visitar. Empresto-lhe 2 euros para a máquina de lavar, em troca recebo um bilhete para o cinema. E no dia seguinte ainda os 2 euros. (S. acaba de fazer comentários porcos a esta situação, quando a visitei a ela e a M. na cave, onde estavam a trabalhar.)
"Regresso às aulas", a minha prioridade é agora terminar o estúpido trabalho. Poucas horas de sono, aulas sêchées. Mas agora está feito. Depois de muito stress, está feito. Aqui ao lado, cinco páginas impressas perfeitíssimas e agrafadas no canto superior esquerdo. Hoje à tarde fiz café de M. na cafeteira também de M. fruto de generoso empréstimo e conselho dela mesma. Fiz café quando cheguei a casa, fui depois para a biblioteca do Collège d'Espagne com A. e D. Rendeu. Terminei-o há bocado, já está, já está! Porque ontem diga-se que a produção não foi das melhores, o stress desconcentrava-me. Fui à Maison Internationale com M. levantar dinheiro e fazer um depósito, depois à La Poste trocar dinheiro, depois lavámos roupa (para à noite verificar que tinha deixado um saco com roupa por lavar no quarto). Gosto de M., gosto mesmo: era a pessoa na casa que eu mais queria voltar a ver enquanto estive em Portugal. Enquanto nessas andanças, aproveito para visitar o Foyer e ver a decoração que X. tinha feito para a festa. Surpreendeu-me. Pela criatividade, pela intensidade. Dezenas de fotos que registavam diversos momentos da estada dela cobriam as paredes, cada uma sobre um quadrado de cartolina colorida. Encontrei-me em três ou quatro: numa com ela e V. numa discoteca da avenue des Champs-Elysées, as outras numa festa de aniversário do fim-de-semana anterior. Em lugar de destaque uma citação de Hemingway sobre viver em Paris enquanto se é jovem. Ela queria que a decoração ficasse. No que depender de mim, ficará.
Agora é tarde, tenho de dormir. Amanhã começo a tratar das outras prioridades, só preciso de uns momentos sem pensar em nada. Pelo menos em nada que tenha a ver datas de testes e entregas de trabalhos. Anseio pelo final do dia de amanhã. Tenho de gastar o bilhete de cinema. Talvez até vá a Ruão no fim-de-semana. (E tenho de começar a pensar em ver coisas para um teste na quinta...) Não! Em nada. Em nada.
Sempre vosso,
le Chevalier.
PS - Já recebi a minha parte das heranças de X. Um copo, quatro talheres.
mercredi 19 mars 2008
samedi 15 mars 2008
La chose la plus triste à Paris
jeudi 13 mars 2008
[Ficções] O sonho de Catherine Siroux
Chove e Catherine Siroux tem saudades do sol. Não daquele sol débil que mal chega a aquecer para sucumbir de seguida ao cinzento das nuvens, mas do verdadeiro sol, aquele que conheceu na infância. Catherine viveu na Nova Caledónia e desse sol que tem saudades.
Quando chegou a Paris, depois de anos a viver em locais mais quentes, ficou maravilhada. Ainda se lembra bem de como estava encantada. Paris estava coberta de neve, algo deveras entusiasmante para a miúda que era.
Às vezes sonha com a Nova Caledónia e a Reunião. Às vezes acordada. Deita-se na cama, fecha os olhos e parece-lhe estar a ouvir o mar e as aves locais. Veste um vestido cor-de-rosa e as cortinas cor-de-laranja tentam proteger o quarto do sol do meio-dia. Sabe que dentro em pouco vai ouvir a mãe a chamá-la para almoçar, já sente o cheiro. Catherine tem nove anos e sabe que nasceu na zona de Paris, apesar de não se lembrar de nada. A irmã é ainda uma adolescente e sai para ir à piscina de uma amiga. Os pais têm sempre tempo para ela e é feliz, na maneira feliz das crianças serem felizes.
Chove, chove, chove. Chove tanto em Paris, está sempre frio em Paris. Os seus amigos gozam com o facto de ela tremer muito mesmo que esteja uma temperatura aceitável. Mas eles não sabem, ela sabe, já viveu na ilha da Reunião e na Nova Caledónia, já vestiu vestidos cor-de-rosa e já foi à praia depois das aulas. Até sabe porque se chama Nova Caledónia a esse território insular da Oceania. Sabe também que lá a vida é mais calma, tem outro ritmo. Sabe que é muito mais que um pedaço de terra marcado no mapa como pertença da França. Lá há sol e há calor. E em Paris chove, chove, chove.
Chove e Catherine Siroux tem saudades do sol.
mercredi 12 mars 2008
Quand tu penses que ta journée est déjà finie...
Mais um dia em que o telemóvel misteriosamente voltou a não despertar. O único dia em que fico grato às femmes de ménage por acordarem toda a gente com o irritante ruído do cartão a bater nas portas e os gritos arrastados "Draps...! Draps...!". Olho para o telemóvel, 09:21, "não acredito...", e hoje precisava mesmo de ter acordado à hora, às 7, para falar com Mlle. Ducom e esclarecer de uma vez por todas que disciplina de Geografia escolhia. Nervos, nervos. Entrego os lençóis usados completamente em estado de sobreaquecimento e pijama. Nervos, nervos. Decido que mais vale comer qualquer coisa, a aula começara às 9h, só importava agora chegar a tempo do fim. Leite com café, um bocado de pão com geleia. Últimas arrumações no quarto para que as femmes não tenham desculpa para não o limpar. Desço as escadas, penso em bater na porta de S., mas desisto, penso que provavelmente já saiu. Ainda assim, espreito na cozinha, está lá J. a ler e a tomar o pequeno-almoço. Entro e disparo a minha situação, sentia necessidade de a comunicar alguém, para me sentir ridículo em seguida. Não precisava de ter sido tão stressado na explicação. Um sorriso é o que recebo como resposta. Ainda cheguo a tempo do final da aula e quão irónico foi pedir a uma professora para poder ficar na disciplina dela exactamente depois de ter acabado de faltar. Mas consegui, fico em Initiation à l'Aménagement!
Depois das aulas, rumo à Place d'Italie. Objectivo: comprar um despertador na Fnac. 10 euros. Na rua procuro o velho dançarino que eu e M. adoramos, mas ele não está lá. Rumo a casa, só quero chegar a casa, estou cansado, amanhã tenho de apresentar um exposé! Chego, pouco depois alguém bate a porta, já conheço aquela maneira de passar os nós dos dedos na porta, estranho-a àquela hora. Mas não me engano, é S., que me desafia para ir comer um crepe. Tive vitórias, apesar dos obstáculos, estou cansado, quero uma pausa, porque não? O convite é demasiado tentador. Lá vamos, depois de S. ter declinado o convite (como calculam, são pessoas diferentes, sendo esta a da porta a que não fui bater de manhã). Está frio, aproveito para vestir o casaco mais quente. O plano era comer os crepes mais baratos do centro de Paris em Saint-Michel e ir a comê-los até ao Pompidou. Plano gorado: a tal barraquinha de Saint-Michel está fechada. Caminhamos até ao Pompidou, S. quer comprar umas velas numa loja defronte. Comemos o crepe depois... e que crepe! Feitos há 100 anos, com pouquíssima Nutella. Bah. Regresso a casa com direito a passagem pelo Franpas. Depois do jantar S. (dos crepes) ajuda-me com o despertador desobediente. Estamos com M. (ela sim, a do velho) na cozinha pequena do 2º, dou-lhes o chocolate com framboesas que lhes prometera. S. acaba por concluir que o despertador só funciona com rádio. Liga o rádio e ouve-se o início de Sunday Bloody Sunday dos U2. Partimo-nos a rir os três, porque tanto eu como S. nos tinhamos fartado de rir na noite de Sábado no Bataclan (boulevard Voltaire) quando o pessoal curtiu a mesma canção como se fosse a coisa mais alegre e disco do mundo. Começa uma música dos Queen, S. apaga a luz. "Amiga", diz para M, "a música que liga a minha pessoa à tua e a música que liga minha pessoa à dele!" M. recorda quando cantaram uma música do mesmo grupo aos berros no trânsito (S. e M. vieram juntas de Portugal). Dançamos os três às escuras na cozinha pequena do 2º, o despertador ridículo em cima da bancada, entre o fogão e o lava-loiças.
De manhã, na Gare du Nord, de repente, vejo à minha frente uma mulher a correr apressadíssima de muletas na mão. Paris tem destas coisas.
Bien cordialement à vous,
le Chevalier.
lundi 10 mars 2008
À vos jeux, mes amis...
Preparava-me para ir à La Poste (vulgo Correios), ia pegar no telemóvel para ver se tinha mensagens e... eis que ele toca. Um grand merci aos três que me telefonaram. Tenho saudades vossas.
mercredi 5 mars 2008
Bonne lessive!!!
Dia de lavagem de roupa. Perdem-se horas e dinheiro neste métier, numa cave deprimente..........
Vou passar a aproveitar para estudar na Salle Multimédia.
xoxo,
Le Chevalier
lundi 3 mars 2008
La Dame aux Camélias
A Cátia disse que este blog lhe lembrava A Dama das Camélias pelo facto das personagens serem mencionadas com iniciais.
:)
vendredi 29 février 2008
[Ficções] La pietra del paragone
Observo-te enquanto preparas as refeições. És metódico, organizado, eficaz. Sei o que comes, o que preferes, o pormenor de lavares sempre uma tijela de tomates cherry.
Sento-me e observo-te e estranho-me ao descobrir que de outra coisa não sou capaz. Pelo menos naquele momento. Como se tudo, o absoluto, a perfeição se resumissem a ti a despejares o conteúdo de uma embalagem de ravioli numa panela de água a ferver.
Apercebes-te de algo? Pois, também não creio. Como consegues ser sempre tão só tu e tu a preparares a tua refeição, onde uns poderiam ler independência e outros prenúncio de misantropia. Mas divago. E tu não foste feito para divagar ou para divagarem acerca de ti. Porque és metódico, organizado, eficaz. És comedido no que dizes, no que fazes. Na verdade, esse teu absoluto, essa tua perfeição podem até nem ser verdadeiras, reais. Mas falta-me a pedra-de-toque. Quero-a? Sim?
Seria reconfortante. Ou não. Mas também não se pode pedir mais de uma pedra-de-toque.
Enquanto o teu garfo levado à boca continua a ser tudo, o absoluto, a perfeição.
mercredi 27 février 2008
samedi 23 février 2008
Vendredi
Sexta-feira foi um dia interessante.
Acordar tarde, almoço em Clignancourt, esperar por uma aula que aparentemente não houve (a averiguar), passagem por Saint-Michel no regresso, onde foi comprado um livro por 3 euros. Conversa na cozinha com as italianas, coca-cola incluída, tentativa de estudo, ida nocturna ao Louvre com S., M. e N. Copos em Odéon.
mercredi 20 février 2008
Les Français et les plans
Os franceses do mundo universitário são obcecados por planos. Parece que não funcionam se antes de escrever não fizerem um plano do texto. E podia ser um plano todo giro e completo, mas não, é só uma lista de grand un, grand deux, petit a e petit b (ou seja, títulos e sub-títulos que também podem incluir grand a e petit un)... sem os quais não conseguem viver, sejam professores ou alunos. Alguns professores vão escrevendo mesmo essa lista de uns, dois, ás e bês pequenos ou grandes no quadro enquanto falam. O mesmo se passa com os alunos quando fazem exposições orais. E também nos testes.
M. Dubois refere até mesmo um plan de sauvetage em caso de problema no teste.
Aqui entra a tirada de T.: "Nous sommes le pays de la dissertation."
xoxo,
le Chevalier
samedi 16 février 2008
Des parasites à la Maison
Hoje o nosso chevalier foi experimentar o Casino Géant, um supermercado na Porte de Choisy.
Na noite de S. Valentim foi a um "Bal à la Page" no refeitório do Couvent des Cordeliers, um evento que consistia numa sessão de leituras de excertos de contos e romances alternadas com danças. Diferente, mas muito interessante e divertido. Companhia: S. e umas amigas holandesas de Erasmus. E lá ainda encontrámos mais uns holandeses, entre eles J., quem o chevalier tinha encontrado meio perdida em Clignancourt ("je ne savais pas que j'avais des cours ici!") e que ficara encantada pelo facto de o chevalier ter sido a primeira pessoa, segundo ela, a pronunciar correctamente o seu nome.
Depois do "Bal à la Page", regresso à Maison du Portugal, onde decorria mais uma festa de despedida. Estava tudo um bocado calmo, tristonho, choramingas. As partants diziam aos nouveaux résidents "Vocês vão gostar muito disto! Aproveitem! Divirtam-se!" entre lágrimas. Uma delas C. acrescentou ainda que deixara coisas na cozinha do 2º andar e que podiamos ir lá buscar o que quiséssemos. Entre elas uma caixa de plástico. Que daria muito jeito. Que na manhã seguinte o chevalier procurou mas já não encontrou, decerto já recolhida por algum abutre. Mas apanhou um saco de compras grande. Que deu muito jeito para ir ao Géant. Que fica a três estações de tram.
Obrigado pelo saco, C.
le chevalier
vendredi 15 février 2008
"Morte lenta"
8 da noite, um pequeno grupo reunido no patamar do 2º andar com ar de quem vai sair, casacos, cachecóis e tal (a temperatura desceu bastante de um dia para o outro). De um dos corredores surge M., pequena e ligeira, de cestos de comida na mão, que dá a face ao chevalier enquanto pergunta:
- Estou a ver uma saída?
O que obtém como resposta:
- Morte lenta?
- Ai, não acredito. Eu recuso-me. A sério? Morte lenta?
"Morte lenta" é o nome que o pessoal da Maison dá ao restaurante da Maison Internationale.
Clignancourt et les autres
Local: Cuisine do 2º andar.
Preparava eu o meu lauto almoço, quando travei conhecimento com M. E., uma italiana que entrava e saía da cozinha a intervalos regulares enquanto preparava o seu. Informou-me de que também estuda em Paris IV e está a fazer duas cadeiras de História. Ficou depois a saber que o nosso querido Chevalier tem aulas em Clignancourt. Com uma expressão facial de genuíno aborrecimento avançou:
- Tu es à Clignancourt? Ah, merde!
Preparava eu o meu lauto almoço, quando travei conhecimento com M. E., uma italiana que entrava e saía da cozinha a intervalos regulares enquanto preparava o seu. Informou-me de que também estuda em Paris IV e está a fazer duas cadeiras de História. Ficou depois a saber que o nosso querido Chevalier tem aulas em Clignancourt. Com uma expressão facial de genuíno aborrecimento avançou:
- Tu es à Clignancourt? Ah, merde!
Entretiens de cuisine
Ontem de manhã decidi ir aquecer leite para o Office (palavra escrita na porta das cozinhas pequenas) do 3º andar, onde já estava a Miúda-do-fundo-do-corredor a tomar o seu pequeno-almoço. Deviam ser umas 07h30. Com ela troquei apenas umas breves palavras sobre o jogo do Sporting da noite anterior que ela tinha ido ver algures, talvez a um café português das redondezas.
Algum tempo depois aparece X. (2º andar) de caixa de alimentos na mão. Aparentemente, X. e a Miúda-do-fundo-do-corredor costumam tomar o pequeno-almoço juntas, a pedido de X. A Miúda-do-fundo-do-corredor, pelos vistos dotada de muita boa-vontade, acorda cedo para o fazer e voltar em seguida para a cama, já que não costuma ter aulas de manhã.
Mas pouco depois de X. chegar a sua companheira matinal vai-se embora, fico eu no Office com X. Começa a conversa. Faculdade, transportes, etc.
Às tantas, devido à visita de um amigo, X. enumera-me os dias da semana e museus cuja entrada é gratuita para estudantes a partir das 18h00.
- Às quartas é o (não me lembro), à quinta é o Musée d'Orsay, à sexta é o Louvre e à sétima é o Quai Branly.
Reparou de imediato na calinada. Rimo-nos bastante. X. é muito bem-disposta e simpática. E ficou a achar que eu era uma morning person (o que depois foi dizendo a quem contava a história) só por já estar todo pronto a tomar o meu pequeno-almoço e cheio de língua para conversar àquela hora da manhã.
yours faithfully,
le Chevalier.
jeudi 14 février 2008
Voisinage
Conheci o vizinho da frente. A porta do quarto dele é cor-de-laranja e só pela porta sabe-se a cor do interior. (A minha é verde-alface.) É iraniano e tem um nome começado por B que não percebi.
Já tinha almoçado na mesma mesa que ele na Maison Internationale sem saber quem era.
Le Chev.
Tout le monde doit sortir
Acabara o CM de Analyse du Monde Contemporain, uma hora até os TD de Les Européens et l'Atlantique começarem. O nosso chevalier senta-se com C. numas mesas que há no átrio do 1º andar. Às tantas soa o alarme. Ninguém reage, o chevalier não entende muito bem, C. faz cara de seca:
- C'est l'alarme, tout le monde doit sortir.
Como que finalmente despertos da letargia, todos os outros se começam a mexer. Lentamente. As portas das salas abrem-se para deixar sair mais gente. Lentamente. Encaminham-se então todos para as escadas, já cheias. No átrio do rés-do-chão, mais gente, tudo em direcção à saída. Aglomeram-se alunos, professores e pessoal em frente aos portões. Pouco depois, todos entram de novo, todos retomam os lugares e tarefas interrompidas minutos antes.
E foi assim o primeiro exercício de incêndio do nosso esplêndido Chevalier em Paris.
mercredi 13 février 2008
Les eaux
Sim, caro leitor, les eaux, as águas. Assunto banal? Nem tanto.
É que as águas francesas não são boas. Simplesmente não são! São pesadas, têm um sabor plutôt mau. Onde estão as águas portuguesas, tão docinhas e leves? Se os britânicos bebem disto é porque ainda não descobriram as lusas. A Evian é menos mal, por isso agarrei-me a essa. É que uma pessoa a viver num quarto quente como são os da Maison du Portugal tem de ter a sua garrafinha de água. Por isso vai sendo Evian... Até porque me lembra um filme em que entrava a Wynona Rider e numa cena em que estavam ébrios numa loja, uma diz "Evian ao contrário é naive".
Um beijinho muito especial para a Luso, a Vitalis, a Alardo, a Serra da Estrela e outras dessas amigas,
le Chevalier.
mardi 12 février 2008
Scènes du quotidien parisien
Sábado, final da tarde. O nosso querido Chevalier chega ao cais da estação de Pigalle na companhia de S. e N., a guia parisiense. O metro lá estava, portas abertas, entraram, algumas pessoas espreitavam para fora do comboio. Mas as portas não fecharam, o metro não andava. Eis que les gens se começam a agitar, a gritar muito para um dos extremos do quai. O condutor dissera alguma coisa que N. explicou ser uma repreensão a alguém que estaria a agarrar as portas. Um grupo do que N. chama "cromos" corre para a outra ponta do cais, vão meter-se com o condutor. Os passageiros agitam-se, agitam-se! Ouvem-se gritos como "Connards! Vous retardez tout le monde!" O Chevalier lembra-se bem de uma mulher jovem que grita muito vermelha e exaltada para os tais problemáticos. Os passageiros saiem e entram repetidamente nas carruagens, incluindo o Chevalier e cia., já ninguém sabe se o metro chegará a partir. A dada altura vêem-se seguranças a correr. É uma festa!
O metro lá acaba por partir. Não perceberam? O Chevalier também não percebeu lá muito bem.
le Chevalier
Porte de Clignancourt
Porte de Clignancourt: a estação de metro da faculdade. O final da linha 4, onde de manhã, no cais terminal, há sempre dois seguranças que seguram cada um o seu cão pela trela. Não sai quase ninguém, no entanto, o metro vem praticamente vazio desde há quatro estações.
Em Clignancourt, Paris ganha novas feições, não é a mesma. Os edifícios não têm tão bom aspecto, a população é diferente, há o Mercado das Pulgas, ali bem perto passa o boulevard Périphérique, aquele que também vejo da janela do meu quarto, mas precisamente no lado oposto.
Clignancourt é mais triste, mas não faz realmente diferença. Ah, e a faculdade tem um jardim em frente bem engraçado, onde quadrados de relva e arbusto se alteram com caminhos ornamentados com frases de ordem do género "Pouvoir assassin" e "L'État tue". E há uma cantina universitária perto, ouais.
Clignancourt é mais triste, mas começo a achar-lhe piada.
xoxo,
Le Chevalier.
lundi 11 février 2008
TD de M. Dubois
Pois é! Hoje assistiu-se ao primeiro dia de aulas do nosso querido chevalier na Cidade Luz. Bem, digamos antes primeiro dia de aula, porque sim, foi apenas uma: duas horas de TD (que é como quem diz Travaux Dirigés que é como quem diz aula prática de Histoire Contemporaine de l'Allemagne). Saibam os leitores mais preocupados que tudo se passou bem... mas hélas, aqui as aulas práticas não são brincadeira: avaliação contínua consistindo num comentário de texto, num trabalho e num teste. Nada a que não estejamos habituados, no entanto, de forma algo massificada. Bah, ele tinha toda a pinta de ser exigente, mas disse ao jovem chevalier que teria alguma indulgência para com ele. AH, veremos comment ça se passe!
Mais aventuras para depois!
sempre vosso,
le Chev.
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