- Acho que ainda não fomos oficialmente apresentados.
Isto disse uma jovem mulher vestida de branco enquanto me estendia a mão, expressão facial afável mas a dar ares de desempenada. Deviam ser nove horas e meia da noite, o sol já não brilhava. A sala de leitura do fundo do corredor apresentara-se convidativa - em grande parte devido à luz amarelada dos seus quebra-luz - e nela me decidira instalar, um livro desencantado nas estantes nas mãos.
As apresentações foram feitas, já que a recém-chegada o exigia. Fiquei a saber que na verdade era eu o recém-chegado e o seu nome era Simone.
- Como a de Beauvoir, está a ver?
Pouco depois surgiu uma outra jovem, evidentemente em busca da primeira. Era Maria Ana, amiga de Simone. Quase se podia dizer sua irmã, ou até mesmo gémea, tais eram as parecenças, mais no que dizia respeito ao vestuário, postura, trejeitos e modo de locomoção do que em traços físicos (e psicológicos, como viria a descobrir). Maria Ana envergava também um vestido branco pelos joelhos, revelou-se porém mais natural nas apresentações: demonstrava uma genuína vontade de ser agradável para comigo, o recém-chegado.
Falaram as duas em voz baixa, não se importando muito com a minha presença. Foi o momento de um homem novo, de cabelos louros e olhos pequenos e aparentemente vigilantes, fazer a sua entrada. Disse um "boa noite" sumido (a que as jovens responderam de maneira simpática) e deixou o olhos varrerem o aposento. Antes de encontrar o que procurava deu pela minha presença, e um sorriso e saudação igualmente sumidos foi o que me concedeu, para se devotar de novo à sua inspecção. Deteve-se com uma exclamação surda e um meio-sorriso aliviado. Seguindo-lhe o olhar, acabei por entender que era o livro de fórmulas esquecido o que procurava. Recolheu-o de modo carinhoso, como se tudo dependesse daquele volume, e voltou-se para sair.
- Já vais, Jorge? - perguntou Maria Ana, interrompendo brevemente a sua conversa com a amiga. O jovem do livro estacou, virou-se e pela expressão do rosto percebi que não se sentia muito confortável. Deu uma explicação atabalhoada que terminou em "bem, até amanhã" e saiu.
Elas deixaram-se ficar, mantinham a sua conversa a meia-voz. Pouco depois, como se alguém as relembrasse da minha presença, sentaram-se junto a mim e rodearam-me de palavras.
Isto disse uma jovem mulher vestida de branco enquanto me estendia a mão, expressão facial afável mas a dar ares de desempenada. Deviam ser nove horas e meia da noite, o sol já não brilhava. A sala de leitura do fundo do corredor apresentara-se convidativa - em grande parte devido à luz amarelada dos seus quebra-luz - e nela me decidira instalar, um livro desencantado nas estantes nas mãos.
As apresentações foram feitas, já que a recém-chegada o exigia. Fiquei a saber que na verdade era eu o recém-chegado e o seu nome era Simone.
- Como a de Beauvoir, está a ver?
Pouco depois surgiu uma outra jovem, evidentemente em busca da primeira. Era Maria Ana, amiga de Simone. Quase se podia dizer sua irmã, ou até mesmo gémea, tais eram as parecenças, mais no que dizia respeito ao vestuário, postura, trejeitos e modo de locomoção do que em traços físicos (e psicológicos, como viria a descobrir). Maria Ana envergava também um vestido branco pelos joelhos, revelou-se porém mais natural nas apresentações: demonstrava uma genuína vontade de ser agradável para comigo, o recém-chegado.
Falaram as duas em voz baixa, não se importando muito com a minha presença. Foi o momento de um homem novo, de cabelos louros e olhos pequenos e aparentemente vigilantes, fazer a sua entrada. Disse um "boa noite" sumido (a que as jovens responderam de maneira simpática) e deixou o olhos varrerem o aposento. Antes de encontrar o que procurava deu pela minha presença, e um sorriso e saudação igualmente sumidos foi o que me concedeu, para se devotar de novo à sua inspecção. Deteve-se com uma exclamação surda e um meio-sorriso aliviado. Seguindo-lhe o olhar, acabei por entender que era o livro de fórmulas esquecido o que procurava. Recolheu-o de modo carinhoso, como se tudo dependesse daquele volume, e voltou-se para sair.
- Já vais, Jorge? - perguntou Maria Ana, interrompendo brevemente a sua conversa com a amiga. O jovem do livro estacou, virou-se e pela expressão do rosto percebi que não se sentia muito confortável. Deu uma explicação atabalhoada que terminou em "bem, até amanhã" e saiu.
Elas deixaram-se ficar, mantinham a sua conversa a meia-voz. Pouco depois, como se alguém as relembrasse da minha presença, sentaram-se junto a mim e rodearam-me de palavras.
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