Aquele podia ser um baile como tantos outros. Ele tomou-lhe a mão e dançaram. Mais que uma dança. A certo ponto, parecia que apenas viviam para aquilo, para dançarem um com o outro, sempre com o mesmo par, todas as danças do caderninho. Isto para mostrar como estavam próximos nessa noite. Também falaram. E muito.
Jean-Michel não percebeu porquê, mas sentia uma empatia crescente à medida que a noite avançava e os ponteiros iam percorrendo o seu caminho. Não percebeu porquê, mas foi sentindo uma grande intimidade, algo que poucas vezes experimentara -não era ele introvertido, muito dado às suas leituras, quase a roçar o misantropo? Falaram. E ele foi-se desvendando, respondendo de maneira muita completa a questões que ela colocava de maneira muito metaforizada e disfarçada. Marie-Charlotte gostou de o que ouvia, gostou de estar com ele assim, ela que lamentava tantas vezes o facto de ele se dar ao mundo como praticamente intratável. Na verdade, ela acreditava que por trás de tanto recolhimento, uma certa quantidade de histórias devia existir. Até porque conhecia rumores.
Mas o que nos interessa verdadeiramente é o comportamento de Jean-Michel, que se sentiu próximo de Marie-Charlotte, fazendo-o mesmo desejar que houvesse bailes nas Tulherias todas as noites. Seria efeito do álcool? Mais que confiança, Jean-Michel sentiu compreensão, entendimento, comunhão. Marie-Charlotte sentia o mesmo que ele, do mesmo modo que ele. Coisas que o afectavam, afectavam-na de modo semelhante.
Uma e outra dança passaram. Ainda outra. E o par não se desfazia. Jean-Michel sentia-se agredecido por, pela primeira vez em alguns meses, ter acedido a tomar lugar num baile (e logo num baile do Imperador!), por Marie-Charlotte ter feito tanta questão nisso. E apesar de tudo o que possamos pensar, ela gostava dele e sim, lamentava mesmo o facto de ele se dar ao mundo como praticamente intratável. A curiosidade era apenas um acessório que tinha consigo, tal como tinha um leque pendente do braço direito.
Foram partilhando coisas, nunca deixando Jean-Michel de ser a verdadeira revelação. Revelação que também ele sentia. Ao fim da noite, julgou-se apaixonado. Deixou escapar um "amo-te" que não foi ouvido, quando ela partiu apertando o xaile contra si.
O sono vem, o sono acontece. E ao dia seguinte, já não sentia o que sentira, o desprendimento era dono dele novamente, como realmente nunca deixara de ser.
Jean-Michel não percebeu porquê, mas sentia uma empatia crescente à medida que a noite avançava e os ponteiros iam percorrendo o seu caminho. Não percebeu porquê, mas foi sentindo uma grande intimidade, algo que poucas vezes experimentara -não era ele introvertido, muito dado às suas leituras, quase a roçar o misantropo? Falaram. E ele foi-se desvendando, respondendo de maneira muita completa a questões que ela colocava de maneira muito metaforizada e disfarçada. Marie-Charlotte gostou de o que ouvia, gostou de estar com ele assim, ela que lamentava tantas vezes o facto de ele se dar ao mundo como praticamente intratável. Na verdade, ela acreditava que por trás de tanto recolhimento, uma certa quantidade de histórias devia existir. Até porque conhecia rumores.
Mas o que nos interessa verdadeiramente é o comportamento de Jean-Michel, que se sentiu próximo de Marie-Charlotte, fazendo-o mesmo desejar que houvesse bailes nas Tulherias todas as noites. Seria efeito do álcool? Mais que confiança, Jean-Michel sentiu compreensão, entendimento, comunhão. Marie-Charlotte sentia o mesmo que ele, do mesmo modo que ele. Coisas que o afectavam, afectavam-na de modo semelhante.
Uma e outra dança passaram. Ainda outra. E o par não se desfazia. Jean-Michel sentia-se agredecido por, pela primeira vez em alguns meses, ter acedido a tomar lugar num baile (e logo num baile do Imperador!), por Marie-Charlotte ter feito tanta questão nisso. E apesar de tudo o que possamos pensar, ela gostava dele e sim, lamentava mesmo o facto de ele se dar ao mundo como praticamente intratável. A curiosidade era apenas um acessório que tinha consigo, tal como tinha um leque pendente do braço direito.
Foram partilhando coisas, nunca deixando Jean-Michel de ser a verdadeira revelação. Revelação que também ele sentia. Ao fim da noite, julgou-se apaixonado. Deixou escapar um "amo-te" que não foi ouvido, quando ela partiu apertando o xaile contra si.
O sono vem, o sono acontece. E ao dia seguinte, já não sentia o que sentira, o desprendimento era dono dele novamente, como realmente nunca deixara de ser.
1 commentaire:
Por algum motivo adorei este pedacinho de Ficção. :)
Obrigada
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