lundi 30 juin 2008

Dernière nuit chez moi

Não poderia deitar-me sem escrever. Esta é a última noite que durmo no meu quarto, no meu reduto verde-alface.
Noite estranha na Maison. Pessoas a juntarem caixas à porta dos quartos, pessoas a atravancarem os balcões das cozinhas com coisas que não podem levar com elas, pessoas a demorarem-se a conversar nos corredores, pessoas nos quartos umas das outras.
Estou triste, estou mesmo triste, agora que o meu quarto está tão vazio que parece fazer eco, agora que tenho as minhas parcas possessões espalhadas por três quartos diferentes, agora que sei estar amanhã numa casa praticamente vazia, sem as companhias dos últimos dias para preencher as horas diurnas.
A última noite que durmo no meu quarto. E temo tudo o que se segue. Não consegui despedir-me condignamente de M. E., nem papel tenho agora comigo para lhe deixar um bilhete na porta. Como passarei os meus dias? Não consigo organizar as ideias, tudo está demasiado confuso até para uma simples to do list.
Esta é a última noite que durmo no meu quarto e estou triste, mesmo triste. Tão triste que poderia chorar.

samedi 28 juin 2008

Que ton coeur se rassure! Taven guérira sa blessure!

Subi agora de uma festa no foyer. O meu reduto verde-alface está a perder-se; passei a tarde a arrumar os meus haveres. As paredes estão de novo praticamente vazias. Já não há livros nas prateleiras. Há caixotes e sacos pelo chão, objectos e peças de roupa que ainda não encontraram o seu novo lugar espalhados um pouco por todo o lado ao acaso, retirados de algum lugar para serem abandonados logo a seguir.
Fui a um concerto na Madeleine com J.. Gostei de ouvir o Verão de Vivaldi novamente.
Amanhã vou às compras com M. Antes de ir dormir ouço Mireille e Vincenette a rezarem juntas.

jeudi 26 juin 2008

Des rêves en vert-laitue

Há algo que adoraria fazer e no entanto não me atrevo.

lundi 23 juin 2008

Carnet de voyage

Paris - Estrasburgo. Não, não foi a Provença de Mireille e Vincent. Foi a Alsácia-Lorena, aquela mítica região estudada anos e anos na escola e, no meu caso, na faculdade, que o nosso Chevalier presenteou com a sua visita.
Uma tarde dedicada a preparativos intensivos. Sábado amanheceu quente e muito soalheiro, como o tempo do dia anterior não fazia prever. Quatro pessoas e um carro pelas estradas francesas (mais precisamente pela A4). Os campos da Champagne, a Lorena e finalmente a vegetação densa e relevo acidentado da Alsácia.
Estrasburgo. Estrasburgo.
Carrefour de l'Europe, podia ler-se nas placas. Uma cidade como eu não esperava, muito pitoresca, cheia de sinais de tradição, em parte alemã. Devido à hora, já não deu para visitar museus. Ficámo-nos pela catedral rosada e por longos passeios. (Não sei se por causa da forte presença de feições germanizantes, parecia-me ver J. em cada rua.) O sol e o calor tornavam tudo tão agradável. Sinto-me até sortudo por ter lá ido no preciso dia da Fête de la Musique francesa. Um ambiente fantástico reinava, música por todo o lado. Eu, A. e S. decidimos dar a nossa pequena contribuição cantando no tram da linha E que nos levava às Instituições Europeias. Vi-as de noite, desertas, caminhando junto a canais. Não se via ninguém na zona, os mosquitos eram numerosos. Mas o ambiente no centro era demasiado atractivo, A., S. e eu próprio não resistimos a perder umas horas de sono em favor de umas voltas pelas muitíssimo animadas ruas da ilha de Estrasburgo.

Dia seguinte: acordar cedo, tomar o pequeno-almoço e ala para Verdun. Visita a
hotspots ligados à grande batalha. Claro que esta visita teve o patrocínio da obsessão pelo conflito que S. ganhou nas aulas de História Social e Cultural. Acho que só agora me apercebo da dimensão do significado do extenso cemitério que adorna os relvados do Ossuaire de Douaumont.
De resto, digamos que a minha cultura no que toca a guerras em que a França se envolveu se tem dignamente enriquecido, fruto de passeios como o de hoje e (lembro-me agora!) a visita um dia destes ao Hôtel National des Invalides com M. E.
No caminho de regresso ao nosso Paris, pequena paragem em Reims, para ver a praça da catedral, essa com que me faz sonhar Il Viaggio a Reims.

Durante toda a viagem tive uma sensação de férias estivais no estrangeiro, daquelas que se tem com a família, o que me fez achar essa sensação antecipada. No regresso, pensava que o local de destino era C., mas por enquanto é Paris.
Talvez pudesse dizer mais alguma coisa sobre esta pequena voyage. (Posso afirmar, no entanto, que sou um óptimo co-piloto e guia urbano, que domina mapas e rotas como ninguém! eheh...)

Sempre vosso,
Le Chevalier.

mercredi 18 juin 2008

Châtelet

Gosto de ser surpreendido, enquanto caminho pelos túneis asquerosos de Châtelet, por uma orquestra de cordas a arrancar umas mozartadas.
Hoje fui passear e estava sol (inserir smile aqui).

lundi 16 juin 2008

[Ficções] Jean-Michel et Marie-Charlotte

Aquele podia ser um baile como tantos outros. Ele tomou-lhe a mão e dançaram. Mais que uma dança. A certo ponto, parecia que apenas viviam para aquilo, para dançarem um com o outro, sempre com o mesmo par, todas as danças do caderninho. Isto para mostrar como estavam próximos nessa noite. Também falaram. E muito.
Jean-Michel não percebeu porquê, mas sentia uma empatia crescente à medida que a noite avançava e os ponteiros iam percorrendo o seu caminho. Não percebeu porquê, mas foi sentindo uma grande intimidade, algo que poucas vezes experimentara -não era ele introvertido, muito dado às suas leituras, quase a roçar o misantropo? Falaram. E ele foi-se desvendando, respondendo de maneira muita completa a questões que ela colocava de maneira muito metaforizada e disfarçada. Marie-Charlotte gostou de o que ouvia, gostou de estar com ele assim, ela que lamentava tantas vezes o facto de ele se dar ao mundo como praticamente intratável. Na verdade, ela acreditava que por trás de tanto recolhimento, uma certa quantidade de histórias devia existir. Até porque conhecia rumores.
Mas o que nos interessa verdadeiramente é o comportamento de Jean-Michel, que se sentiu próximo de Marie-Charlotte, fazendo-o mesmo desejar que houvesse bailes nas Tulherias todas as noites. Seria efeito do álcool? Mais que confiança, Jean-Michel sentiu compreensão, entendimento, comunhão. Marie-Charlotte sentia o mesmo que ele, do mesmo modo que ele. Coisas que o afectavam, afectavam-na de modo semelhante.
Uma e outra dança passaram. Ainda outra. E o par não se desfazia. Jean-Michel sentia-se agredecido por, pela primeira vez em alguns meses, ter acedido a tomar lugar num baile (e logo num baile do Imperador!), por Marie-Charlotte ter feito tanta questão nisso. E apesar de tudo o que possamos pensar, ela gostava dele e
sim, lamentava mesmo o facto de ele se dar ao mundo como praticamente intratável. A curiosidade era apenas um acessório que tinha consigo, tal como tinha um leque pendente do braço direito.
Foram partilhando coisas, nunca deixando Jean-Michel de ser a verdadeira revelação. Revelação que também ele sentia. Ao fim da noite, julgou-se apaixonado. Deixou escapar um "amo-te" que não foi ouvido, quando ela partiu apertando o xaile contra si.
O sono vem, o sono acontece. E ao dia seguinte, já não sentia o que sentira, o desprendimento era dono dele novamente, como realmente nunca deixara de ser.

La Défense

O final da linha 1, essa linha que me deixa sempre cansado e com dores de cabeça. Gostei do sítio, há algum tempo que ansiava por um espaço aberto como aquele. Gostei dos arranha-céus, gostei que não estivesse bom tempo.

dimanche 15 juin 2008

"Si jamais le malheur vient frapper l'un de nous..."

Parar. Parar o tempo. E escrever. Como escreveu Stéphane Bern "escrever para não gritar".
Não me importo com as horas tardias, se me valem um bom bocado de conversa ainda que virtual. Tenho comigo a Mireille que grita heróica na planície desértica (hm, a questão "obsessão?" impõe-se?).
Passei ontem um óptimo dia sozinho para à noite tomar parte no Jantar dos 7. Quero um bocadinho para mim, no meu quarto verde-alface, escutar Mireille com atenção, ler o livro ontem adquirido sobre a Carlota da Bélgica. Uma quantidade de coisas, a falta de presença que pareceu caracterizar-me em dados momentos. Não consigo alongar-me sobre certas coisas como seria de bom tom fazer. Mas acredito que apesar de tudo, quem tem de saber, o sabe. Não sou muito do género ingrato, pelo menos não propositadamente.
Quero tempo com algumas pessoas, quality time, não temo dizê-lo. Quanto muito, fosse eu dado a certos acessos, tremo ao dizê-lo. Quero ter tempo para conversa contigo, contigo e contigo. No entanto, algumas combinações revelam-se difíceis, soit por causa de certos condicionamentos-sempre-presentes, soit por causa das pessoas não gostarem umas das outras. É-me frequente colocar-me involuntariamente em posições de centro... E quantas vezes isso dificulta as coisas.
Gosto de vocês, gosto mesmo. E tenho pena por todo um conjunto de coisas estar prestes a perder-se. Estados de espírito alternam. Quero dizer-te que gostei mesmo de te conhecer. E a ti, apetece-me confortar-te com sincera entrega. Contigo, gostaria de conversar um pouco mais. Contigo, partilhar mais uma fotografia e um sorriso cúmplice. A ti, agradecer-te muito por algo que disseste.
"Escrever, escrever para não gritar."

vendredi 13 juin 2008

Les vraies vacances

"Chantez, chantez, Magnanarelles,
Car la cuillette aime les chants!"

Foi ontem. Pouco passava das 16h e entregava eu a folha de ponto e as folhas de rascunho verde-abacate inutilizadas a uma vigilante. Faltava uma hora para o fim da prova e já eu a entregava. Com uma enorme satisfação: correra-me bem (imaginam o agrado de virar o enunciado e ver que todos os temas se relacionam com a exploração americana pelos países ibéricos?), as verdadeiras férias começavam. Este punhado de dias livres em Paris. Enquanto fazia tempo para ir ver o segundo jogo de Portugal no La Pause Beaubourg (não, desta vez não houve festa after hours, nem sequer jantar no McDo), decidi brindar-me com uma gravação da desventura da jovem Mireille (Gounod), que vira um mês antes nas La Fayette.
Foi também ontem que vimos M., a sobrinha dos meus professores, deixar a casa. Fiquei triste, tanto por anunciar todas as outras partidas que se aproximam - incluindo a minha -, como por ser quem é. Ela podia não fazer nada, mas gosto mesmo dela, tivemos muito boas conversas... e não alongo mais em descrições com medo de cair no cliché. Gostei quando ao despedir-se disse que queria mesmo que combinássemos coisas e nos víssemos em Lisboa. Entre as heranças recebidas, guardo algo que acarinho especialmente: um copo de pé alto. Acho que irá comigo.
Hoje acordei tarde, mas apenas para "pôr o sono em dia" - amanhã tenciono acordar mais cedo e começar mais cedo o dia. Quando deixei um quarto muito quente tinha como plano ir até ao Musée du Moyen Age. Acabei por ir com N. à
La Géode na Cité des Sciences et des Industries em La Villette. Devo dizer que fiquei impressionado, gostei mesmo da experiência. E o sítio agradou-me, quero lá voltar. Interessante foi o facto de ter ido com N.. As coisas pareceram voltar ao que eram.
Ainda não sei o que farei amanhã. Por enquanto sei que temos o
Jantar dos 7, o jantar de despedida de L., a que A., aproveitando o facto de ser sexta-feira 13, decidiu dar criativos contornos de jantar temático. Ri-me quando abri o convite que, através de "falcatruas", tivera direito ao carimbo oficial da casa.
Foi ontem, pouco depois das 16h, que as minhas verdadeiras férias começaram. (Acho que nunca fiquei de férias tão cedo, para dizer a verdade.) Esse punhado de dias livres que sinto começar a esgotar-se a uma velocidade superior à desejada. Apercebo-me, por exemplo, do quanto gostei da
soirée privée de Sábado, de como não quero acreditar que coisas como aquela não se repitam.
Por agora, deixemos soar os sons provençais de
Mireille. (Que apenas me aguçam a vontade de visitar a região.)

"Chantez, chantez, Magnanarelles,
Car la cuillette aime les chants!"
(Mireille, I acto)

mardi 10 juin 2008

Les cartes et les dés nous attendent là-bas

Devia estar a matar-me a estudar, mas não consigo.
Hoje, desfeito pelas dores de cabeça e cheio de boa-vontade e altruísmo, decidi fazer eu o jantar para a pequena "sociedade" (termo ironizante relativo à sociedade original agora em decadência): A., L., S., J. e eu claro. Saiu bem, as pessoas gostaram, agradeço a L. o pesto e a A. os cogumelos.
Momento de descontração nocturna com L. e S. na pelouse (véspera de exame, right?). Espantaram-se por coisas que eu via e ouvia. Declarei que sou um observador, as pessoas são a minha fonte de inspiração. Isso serviu logo de interpretação para os meus supostos momentos introspectivos, sem esquecer uma referência por parte de S. a "isso é mesmo conversa de escritor".

lundi 9 juin 2008

Malgré tout, le soleil

Sol. Já vos disse quão é bonito o sol em Paris, a sensação de leveza que se tem?
Estou perto, tão perto do fim da tormenta. Tão perto e tão longe, tendo em conta serem dois exames. Já não dou uma para a caixa, o meu mood de véspera a isso me força.
Há tanto que gostaria de fazer. Estive com a pequena S. na grande pelouse.

Promesse frivole

Estou triste. Estou triste e não quero descobrir as razões dessa tristeza, ao contrário do habitual.
Sinto que com a partida de L. muita coisa se vai perder... a nível da "dinâmica de grupo". Infelizmente.

dimanche 8 juin 2008

Portugal 2 -Turquie 0

Deixo a minha querida Natalie dar voz a Morgana, enquanto dou um jeito no quarto.
Ontem fui com L., S., J. e o Venezuelano (que anda a fazer furor junto de certas e determinadas meninas) ver o jogo de Portugal contra a Turquia. Supostamente na place de l'Hôtel de Ville, onde seria projectado. Esqueçam, a isso só tem direito o Roland-Garros. E agora? O jogo começa. Instalamo-nos no La Pause Beaubourg (rue du Renard). Eu, bom parisiense que sou, peço um Perrier menthe. Satisfeitos com o resultado, saímos, passamos pelo McDo para comer qualquer coisa. Em Châtelet - Les Halles o Venezuelano deixa-nos para ir à sua vida social, os quatro restantes tomam o caminho de casa. Começam as discussões quanto ao que fazer, visto já ser tarde, L. querer imperativamente mudar de roupa e estar a acontecer a soirée de despedida de P. Ao chegar a casa, cruzamo-nos com A., M. e a Miúda-do-fundo-do-corredor que acompanham um P. com suspeitas de apendicite. Ainda mais discussão quanto ao que fazer. Decisão: ir ao marroquino abastecermo-nos. Spot: quarto de L. J. traz as colunas. O que prometia ser uma pacata soirée de copos e conversa, transforma-se em discoteca caseira quando J. surpreendentemente saca de colectâneas do Ministry of Sound. As pessoas estão sempre a surpreender-nos.
Ao cair da manhã, L., J. e o Chevalier cometem a loucura final: armados de manta e saco-cama, dirigem-se à pelouse para "ver o sol nascer". Interpelação pelos seguranças da Cité incluída.
Hoje, L. está morta na cama, J. só há pouco ficou online no messenger.


P.S. - Foi com relativo espanto que descobri que tanto eu, S. e J. tinhamos, para além da t-shirt, a roupa interior também verde.

mercredi 4 juin 2008

En un jour ici-bas tout s'efface et s'envole.

Poderia escrever sobre uma infinidade de coisas. Mas na pressa do momento quero apenas reter o seguinte:
1) todas as desculpas são boas para não estudar;
2) gostei muito do passeio de ontem de manhã com S.. Foi bom ver que ainda dá para se estar com ela numa boa, tivemos as conversas de sempre. Fomos a sítios giros, mostrei-lhe as maravilhas do Au P'tit Grec.
3) está a formar-se um grupo padrão de saídas e combinações que vou ter mesmo muita pena em deixar. Porquê só agora?