Devia arranjar uma cronologia dos presidentes da República Francesa, vi no outro dia que uma estrangeira tinha uma. Seria muito útil para Vie politique et société française.
Ontem decidi aproveitar o fim de tarde. Estava sol. Saí do teste de Europeus, apanhei o metro e depois o RER até ao Musée d'Orsay, que há muito andava para visitar. Não me apetecia ir para casa e o d'Orsay é gratuito às quintas-feiras a partir das 18h para estudantes. Adoro os dias compridos do horário de Verão. Sair do metro mesmo à beira do Sena com tanta luz, as Tuileries do outro lado... Renovava os meus votos de amor a esta cidade.
Fiz tempo até às 18h deambulando pela zona, até ao boulevard St. Germain. Constatei que a rue de Lille parece o sítio ideal para uma cena bem romântica.
O museu. Grande, a galeria central cheia de luz. Visitei todo o rés-do-chão, sempre descobrindo novos recantos com obras expostas. Andei por lá umas duas horas. Às tantas já eram quadros a mais, a cabeça doia-me, pensei em ir para casa. Saí. Verifiquei então que não queria ir para casa, apenas desejava o ar livre, aqueles tons de Verão demasiado aprazíveis. Gosto destes programas a dois, eu e a cidade, sobretudo quando esta acaba de ser agraciada com um pôr-do-sol limpinho. Caminho. Vou até à rue de Rivoli, decidira jantar no McDo, mesmo ao lado do Louvre. Um senhor simpático dá-me o resto dos seus guardanapos.
Continuo o meu passeio. As ruas prendem-me. Passo pela Comédie-Française, ao fundo da avenida está o sempre imponente Palais Garnier. Place du Palais-Royal. Continuando acabo por chegar à place du Châtelet, que, com os seus dois teatros, a coluna ao centro, a sua luz, não deixa adivinhar o horror escondido no seu subsolo. Continuo até à Île de la Cité, onde apanho o metro. Apetece-me fazer um caminho diferente para casa. Penso sair em Saint-Sulpice ("Où faut-il vous porter, cousine?" "À Saint-Sulpice!"), mas desisto da ideia, àquela hora não devo conseguir apreciar como desejo. Porte d'Orléans, o outro lado da linha 4. Apanho o tram até Cité Universitaire. Estou quase a chegar a casa quando me cruzo com um grupo de residentes. Convidam-me para ir com eles "beber uma cerveja". Fomos até Bastille, outros se nos juntaram depois.
Regressámos. Depois fiquei à conversa com N. até às 4h.
Talvez uma cronologia dos presidentes da República Francesa não fosse má ideia.