vendredi 29 février 2008

[Ficções] La pietra del paragone

Observo-te enquanto preparas as refeições. És metódico, organizado, eficaz. Sei o que comes, o que preferes, o pormenor de lavares sempre uma tijela de tomates cherry.
Sento-me e observo-te e estranho-me ao descobrir que de outra coisa não sou capaz. Pelo menos naquele momento. Como se tudo, o absoluto, a perfeição se resumissem a ti a despejares o conteúdo de uma embalagem de ravioli numa panela de água a ferver.
Apercebes-te de algo? Pois, também não creio. Como consegues ser sempre tão só tu e tu a preparares a tua refeição, onde uns poderiam ler independência e outros prenúncio de misantropia. Mas divago. E tu não foste feito para divagar ou para divagarem acerca de ti. Porque és metódico, organizado, eficaz. És comedido no que dizes, no que fazes. Na verdade, esse teu absoluto, essa tua perfeição podem até nem ser verdadeiras, reais. Mas falta-me a pedra-de-toque. Quero-a? Sim?
Seria reconfortante. Ou não. Mas também não se pode pedir mais de uma pedra-de-toque.
Enquanto o teu garfo levado à boca continua a ser tudo, o absoluto, a perfeição.

mercredi 27 février 2008

Porte de Gentilly

O fim da avenue Pierre de Coubertin e o famoso Périphérique.















avenue Pierre de Coubertin

samedi 23 février 2008

Vendredi

Sexta-feira foi um dia interessante.
Acordar tarde, almoço em Clignancourt, esperar por uma aula que aparentemente não houve (a averiguar), passagem por Saint-Michel no regresso, onde foi comprado um livro por 3 euros. Conversa na cozinha com as italianas, coca-cola incluída, tentativa de estudo, ida nocturna ao Louvre com S., M. e N. Copos em Odéon.

mercredi 20 février 2008

Les Français et les plans

Os franceses do mundo universitário são obcecados por planos. Parece que não funcionam se antes de escrever não fizerem um plano do texto. E podia ser um plano todo giro e completo, mas não, é só uma lista de grand un, grand deux, petit a e petit b (ou seja, títulos e sub-títulos que também podem incluir grand a e petit un)... sem os quais não conseguem viver, sejam professores ou alunos. Alguns professores vão escrevendo mesmo essa lista de uns, dois, ás e bês pequenos ou grandes no quadro enquanto falam. O mesmo se passa com os alunos quando fazem exposições orais. E também nos testes.
M. Dubois refere até mesmo um plan de sauvetage em caso de problema no teste.
Aqui entra a tirada de T.: "Nous sommes le pays de la dissertation."
xoxo,
le Chevalier

samedi 16 février 2008

Des parasites à la Maison

Hoje o nosso chevalier foi experimentar o Casino Géant, um supermercado na Porte de Choisy.
Na noite de S. Valentim foi a um "Bal à la Page" no refeitório do Couvent des Cordeliers, um evento que consistia numa sessão de leituras de excertos de contos e romances alternadas com danças. Diferente, mas muito interessante e divertido. Companhia: S. e umas amigas holandesas de Erasmus. E lá ainda encontrámos mais uns holandeses, entre eles J., quem o chevalier tinha encontrado meio perdida em Clignancourt ("je ne savais pas que j'avais des cours ici!") e que ficara encantada pelo facto de o chevalier ter sido a primeira pessoa, segundo ela, a pronunciar correctamente o seu nome.
Depois do "Bal à la Page", regresso à Maison du Portugal, onde decorria mais uma festa de despedida. Estava tudo um bocado calmo, tristonho, choramingas. As partants diziam aos nouveaux résidents "Vocês vão gostar muito disto! Aproveitem! Divirtam-se!" entre lágrimas. Uma delas C. acrescentou ainda que deixara coisas na cozinha do 2º andar e que podiamos ir lá buscar o que quiséssemos. Entre elas uma caixa de plástico. Que daria muito jeito. Que na manhã seguinte o chevalier procurou mas já não encontrou, decerto já recolhida por algum abutre. Mas apanhou um saco de compras grande. Que deu muito jeito para ir ao Géant. Que fica a três estações de tram.
Obrigado pelo saco, C.
le chevalier

vendredi 15 février 2008

"Morte lenta"

8 da noite, um pequeno grupo reunido no patamar do 2º andar com ar de quem vai sair, casacos, cachecóis e tal (a temperatura desceu bastante de um dia para o outro). De um dos corredores surge M., pequena e ligeira, de cestos de comida na mão, que dá a face ao chevalier enquanto pergunta:
- Estou a ver uma saída?
O que obtém como resposta:
- Morte lenta?
- Ai, não acredito. Eu recuso-me. A sério? Morte lenta?
"Morte lenta" é o nome que o pessoal da Maison dá ao restaurante da Maison Internationale.

Clignancourt et les autres

Local: Cuisine do 2º andar.
Preparava eu o meu lauto almoço, quando travei conhecimento com M. E., uma italiana que entrava e saía da cozinha a intervalos regulares enquanto preparava o seu. Informou-me de que também estuda em Paris IV e está a fazer duas cadeiras de História. Ficou depois a saber que o nosso querido Chevalier tem aulas em Clignancourt. Com uma expressão facial de genuíno aborrecimento avançou:
- Tu es à Clignancourt? Ah, merde!

Entretiens de cuisine

Ontem de manhã decidi ir aquecer leite para o Office (palavra escrita na porta das cozinhas pequenas) do 3º andar, onde já estava a Miúda-do-fundo-do-corredor a tomar o seu pequeno-almoço. Deviam ser umas 07h30. Com ela troquei apenas umas breves palavras sobre o jogo do Sporting da noite anterior que ela tinha ido ver algures, talvez a um café português das redondezas.
Algum tempo depois aparece X. (2º andar) de caixa de alimentos na mão. Aparentemente, X. e a Miúda-do-fundo-do-corredor costumam tomar o pequeno-almoço juntas, a pedido de X. A Miúda-do-fundo-do-corredor, pelos vistos dotada de muita boa-vontade, acorda cedo para o fazer e voltar em seguida para a cama, já que não costuma ter aulas de manhã.
Mas pouco depois de X. chegar a sua companheira matinal vai-se embora, fico eu no Office com X. Começa a conversa. Faculdade, transportes, etc.
Às tantas, devido à visita de um amigo, X. enumera-me os dias da semana e museus cuja entrada é gratuita para estudantes a partir das 18h00.
- Às quartas é o (não me lembro), à quinta é o Musée d'Orsay, à sexta é o Louvre e à sétima é o Quai Branly.
Reparou de imediato na calinada. Rimo-nos bastante. X. é muito bem-disposta e simpática. E ficou a achar que eu era uma morning person (o que depois foi dizendo a quem contava a história) só por já estar todo pronto a tomar o meu pequeno-almoço e cheio de língua para conversar àquela hora da manhã.
yours faithfully,
le Chevalier.

jeudi 14 février 2008

Voisinage

Conheci o vizinho da frente. A porta do quarto dele é cor-de-laranja e só pela porta sabe-se a cor do interior. (A minha é verde-alface.) É iraniano e tem um nome começado por B que não percebi.
Já tinha almoçado na mesma mesa que ele na Maison Internationale sem saber quem era.
Le Chev.

Tout le monde doit sortir

Acabara o CM de Analyse du Monde Contemporain, uma hora até os TD de Les Européens et l'Atlantique começarem. O nosso chevalier senta-se com C. numas mesas que há no átrio do 1º andar. Às tantas soa o alarme. Ninguém reage, o chevalier não entende muito bem, C. faz cara de seca:
- C'est l'alarme, tout le monde doit sortir.
Como que finalmente despertos da letargia, todos os outros se começam a mexer. Lentamente. As portas das salas abrem-se para deixar sair mais gente. Lentamente. Encaminham-se então todos para as escadas, já cheias. No átrio do rés-do-chão, mais gente, tudo em direcção à saída. Aglomeram-se alunos, professores e pessoal em frente aos portões. Pouco depois, todos entram de novo, todos retomam os lugares e tarefas interrompidas minutos antes.
E foi assim o primeiro exercício de incêndio do nosso esplêndido Chevalier em Paris.

mercredi 13 février 2008

Les eaux

Sim, caro leitor, les eaux, as águas. Assunto banal? Nem tanto.
É que as águas francesas não são boas. Simplesmente não são! São pesadas, têm um sabor plutôt mau. Onde estão as águas portuguesas, tão docinhas e leves? Se os britânicos bebem disto é porque ainda não descobriram as lusas. A Evian é menos mal, por isso agarrei-me a essa. É que uma pessoa a viver num quarto quente como são os da Maison du Portugal tem de ter a sua garrafinha de água. Por isso vai sendo Evian... Até porque me lembra um filme em que entrava a Wynona Rider e numa cena em que estavam ébrios numa loja, uma diz "Evian ao contrário é naive".
Um beijinho muito especial para a Luso, a Vitalis, a Alardo, a Serra da Estrela e outras dessas amigas,
le Chevalier.

mardi 12 février 2008

Scènes du quotidien parisien

Sábado, final da tarde. O nosso querido Chevalier chega ao cais da estação de Pigalle na companhia de S. e N., a guia parisiense. O metro lá estava, portas abertas, entraram, algumas pessoas espreitavam para fora do comboio. Mas as portas não fecharam, o metro não andava. Eis que les gens se começam a agitar, a gritar muito para um dos extremos do quai. O condutor dissera alguma coisa que N. explicou ser uma repreensão a alguém que estaria a agarrar as portas. Um grupo do que N. chama "cromos" corre para a outra ponta do cais, vão meter-se com o condutor. Os passageiros agitam-se, agitam-se! Ouvem-se gritos como "Connards! Vous retardez tout le monde!" O Chevalier lembra-se bem de uma mulher jovem que grita muito vermelha e exaltada para os tais problemáticos. Os passageiros saiem e entram repetidamente nas carruagens, incluindo o Chevalier e cia., já ninguém sabe se o metro chegará a partir. A dada altura vêem-se seguranças a correr. É uma festa!
O metro lá acaba por partir. Não perceberam? O Chevalier também não percebeu lá muito bem.
le Chevalier

Porte de Clignancourt

Porte de Clignancourt: a estação de metro da faculdade. O final da linha 4, onde de manhã, no cais terminal, há sempre dois seguranças que seguram cada um o seu cão pela trela. Não sai quase ninguém, no entanto, o metro vem praticamente vazio desde há quatro estações.
Em Clignancourt, Paris ganha novas feições, não é a mesma. Os edifícios não têm tão bom aspecto, a população é diferente, há o Mercado das Pulgas, ali bem perto passa o boulevard Périphérique, aquele que também vejo da janela do meu quarto, mas precisamente no lado oposto.
Clignancourt é mais triste, mas não faz realmente diferença. Ah, e a faculdade tem um jardim em frente bem engraçado, onde quadrados de relva e arbusto se alteram com caminhos ornamentados com frases de ordem do género "Pouvoir assassin" e "L'État tue". E há uma cantina universitária perto, ouais.
Clignancourt é mais triste, mas começo a achar-lhe piada.
xoxo,
Le Chevalier.

lundi 11 février 2008

TD de M. Dubois

Pois é! Hoje assistiu-se ao primeiro dia de aulas do nosso querido chevalier na Cidade Luz. Bem, digamos antes primeiro dia de aula, porque sim, foi apenas uma: duas horas de TD (que é como quem diz Travaux Dirigés que é como quem diz aula prática de Histoire Contemporaine de l'Allemagne). Saibam os leitores mais preocupados que tudo se passou bem... mas hélas, aqui as aulas práticas não são brincadeira: avaliação contínua consistindo num comentário de texto, num trabalho e num teste. Nada a que não estejamos habituados, no entanto, de forma algo massificada. Bah, ele tinha toda a pinta de ser exigente, mas disse ao jovem chevalier que teria alguma indulgência para com ele. AH, veremos comment ça se passe!
Mais aventuras para depois!
sempre vosso,
le Chev.